Se hoje as mulheres vivem em uma sociedade na qual têm direitos ao voto, à participação política e acesso a métodos contraceptivos é justamente devido à contínua luta pela igualdade. No Dia Internacional da Mulher, as ruas foram tomadas por cartazes, rodas de conversas e manifestações.
Manifestantes tomaram o prédio da Secretaria Municipal de Educação (Smed), no Bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul da capital, e a Guarda Municipal interveio. Enquanto os grupos sociais denunciam um “exagero” por parte da corporação, os guardas afirmam que “reagiram ao enfrentamento”.
De acordo com Indira Xavier, de 33 anos, que faz parte da ocupação Tina Martins, a confusão ocorreu quando profissionais da educação se juntaram a militantes de diversos movimentos sociais que participavam de negociação na Secretaria sobre as Umeis.
Segundo ela, movimentos sociais se mobilizaram para tentar conversar com representantes da Secretaria de Educação na tarde de ontem. Para isso, um ato foi realizado por aproximadamente 60 pessoas. “Os movimentos de mulheres Olga Benário, junto à Casa Tina Martins, o de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, e de Mães vinham promovendo um diálogo sobre a necessidade de inserir a pauta das mudanças nas Umeis mantidas pela Secretaria Municipal de Educação. Chegamos ao prédio e fizemos uma ocupação. Depois, nos sentamos com a subsecretária e estávamos em processo de negociação”, narrou.
Enquanto ocorria o encontro, aproximadamente 1,5 mil pessoas que participavam de uma assembleia na Praça da Estação, promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede), foram para o prédio.
Eles protestavam contra a possível demissão de faxineiros, vigias, merendeiros e porteiros, que pode ocorrer com o fim do caixa escolar. Quando chegaram, segundo os manifestantes, iniciou-se o conflito. “Na hora que chegaram, a Guarda Municipal fechou (fez um cerco) e começou um empurra-empurra.
Algumas mulheres apanharam, justamente no Dia da Mulher. Pegaram um dos diretores do sindicato e o levaram para dentro de uma sala. Jogaram spray de pimenta. A situação foi bastante constrangedora”, afirmou Indira.
Devido ao tumulto, a reunião com as mulheres sobre as Umeis foi suspensa. Outros dois encontros foram marcados com os movimentos sociais na próxima semana. Na versão da Guarda Municipal, entretanto, os agentes reagiram ao enfrentamento por parte de um grupo pequeno de manifestantes. A assessoria de imprensa da corporação informou que as unidades públicas receberam um fortalecimento na segurança, devido à série de protestos marcados para ontem.
Quando os manifestantes chegaram, um grupo de 60 pessoas foi autorizado a entrar para negociar com representantes da Secretaria. Porém, segundo a Guarda, mais pessoas queriam entrar no imóvel, mas devido ao risco, foram impedidas. A corporação pediu aos manifestantes, de acordo com a assessoria de imprensa, que formassem uma comissão para ser recebida. Em seguida, um cordão de isolamento foi feito.
A Guarda disse que um grupo de 10 pessoas tentou romper o cordão e, nesse momento, um agente foi derrubado e a porta de vidro, danificada. Devido a isso, houve reação por parte da Guarda Municipal. Dez pessoas foram apontadas como responsáveis pela confusão, em um boletim de ocorrência que será entregue à Polícia Civil. Ninguém foi preso.
A Secretaria Municipal de Educação informou que recebeu cerca de 400 profissionais, contratados por meio das caixas escolares, que trabalham nas escolas municipais. “Durante o encontro, a Secretaria esclareceu que já havia assinado um termo de ajuste de conduta (TAC) com a empresa Minas Gerais Serviços (MGS), com o Ministério Público do Trabalho e coms a Justiça para garantir a continuidade dos contratados e assegurar as mesmas condições salariais atuais”, informou, por meio de nota. Após a homologação desse TAC e antes de as mudanças serem iniciadas, a secretaria se dispôs a fazer nova reunião com a categoria, para esclarecer dúvidas.
Rede estadual de educação mantém greve
Professores e trabalhadores da rede estadual de ensino decidiram manter greve que já dura oito dias. A categoria se reuniu na tarde de ontem no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), onde definiu os rumos do movimento. Nova reunião deve ocorrer em uma semana, no mesmo local. De acordo com o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), o governo de Minas descumpriu dois reajustes do piso salarial e o acordo com os servidores das Superintendências Regionais de Ensino. A categoria também protesta contra o parcelamento do pagamento do 13º salário.