Mariana e Ouro Preto – Em morros distantes, a rocha em forma de dedo que emoldura o casario colonial da Praça Tiradentes, em Ouro Preto, servia de marco para que os bandeirantes e tropeiros conseguissem se orientar até chegar à região das minas. Por esse motivo, o Pico do Itacolomi ganhou o apelido de “Farol dos Bandeirantes”. Mas para os homens e mulheres, lavradores do distrito de Lavras Novas, a visão daquele maciço rochoso evoca um outro significado. Remete ao trabalho árduo, incessante, com longas jornadas, condições precárias e recompensa quase irrisória.Leia Mais
Parque Estadual do ItacolomiConheça as histórias das montanhas de Minas e saiba como elas moldaram a identidade dos mineiros Serra do Espinhaço: a cordilheira domada pela sede do ouroSerra da Caveira foi o vale da morte dos bandeirantes em MinasSerra do Espinhaço, lar das tribos pré-históricas de MinasMinas do Gogo atraem garimpeiros clandestinos que se arriscam em busca de ouroTúneis das minas do Morro da Gogo se degradam com o tempo
Trabalho extenuante
Uma das mais antigas trabalhadoras da fazenda de chá é Tereza Correia Guimarães, de 87. “Comecei a trabalhar nova, com 12 anos”, lembra Tereza. “Primeiro a gente capinava a fazenda, depois plantava. Em 1º de maio, tinha a poda das árvores de chá. Em 1º de junho, a colheita. Enchia o balaio com as folhas, depois levava para a fábrica, pesava, punha as folhas num barraco em cima de umas esteiras, onde ele secava. Depois, moía as folhas para fazer o chá”, conta.
Os grupos de trabalhadores saíam de suas casas por volta das 4h30.
"Era uma situação muito difícil"
O retorno para suas casas não se traduzia em descanso para as mulheres. “Quando chegava em casa, não tinha água. Ia para a fonte para pegar água para lavar aquela roupa nossa suada, que era feita de sacos velhos”, conta Maria Aparecida.
Apesar de a grande pedra ser o destaque do cenário, o nome Itacolomi significa “pedra menina”, em tupi, se referindo a uma rocha menor, que fica ao lado da grande e quase não é visível. O cume tem 1.772 metros de altitude e permite avistar formações a quase 100 quilômetros, como o Pico do Itabirito (Itabirito), a Serra da Piedade (Caeté) e a Torre da Alta Vila (Nova Lima). Nos arredores do pico formaram-se muitas comunidades de escravos fugidos dos trabalhos forçados nas lavras de ouro, aproveitando-se do relevo acidentado e das dificuldades de circular pela região.