Uma equipe da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) vai fazer, na manhã desta terça-feira, um sobrevoo pela região afetada pelo rompimento de um mineroduto da Anglo American em Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata. O objetivo é fazer uma coleta de dados, como registros fotográficos, coordenadas geográficas e avaliar a extensão do dano. Uma nota será encaminhada no fim desta manhã com o resultado dessa ação.
A tubulação rompida despejou minério de ferro no ribeirão que tem o mesmo nome da cidade e abastece o município localizado a 209 quilômetros da capital mineira. O incidente provocou a suspensão do fornecimento de água aos moradores da cidade, que demonstram preocupação em relação à qualidade da água. Segundo a Anglo American Minério de Ferro S.A, responsável pelos dutos que levam o minério para o Rio de Janeiro, ninguém se feriu. A Copasa providenciou caminhões-pipa para garantir o abastecimento de água para a população afetada.
Responsável pela fiscalização do empreendimento, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) afirma que, com base em informações iniciais, o rompimento não despejará substâncias tóxicas no Rio Santo Antônio, afetado pelo vazamento. “A polpa de minério (mistura de minério de ferro com água para facilitar o escoamento pelo mineroduto) vazada não possui entre seus componentes substâncias químicas ou tóxicas”, disse o Ibama, por meio de nota. Uma equipe do Núcleo de Emergências Ambientais do órgão foi enviada ao local e, segundo a nota, somente após a vistoria, poderá avaliar as consequências ao meio ambiente e emitir eventuais sanções administrativas.
De acordo com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, o Ribeirão Santo Antônio tem 21 quilômetros de extensão e é um afluente da margem direita do Rio Casca e, portanto, um subafluente da Bacia Hidrográfica do Rio Doce. A ocorrência foi confirmada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) e notificou o Ibama. A captação de água foi interrompida pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Segundo a companhia, o abastecimento foi interrompido às 10h, antes da chegada da mancha de minério ao ponto de captação no córrego Santo Antônio, o que ocorreu às 13h.
Segundo a Semad, a pluma de contaminação deve atingir o curso d’água no município de Rio Casca. “A Anglo American está monitorando a qualidade da água superficial em 10 pontos no ribeirão Santo Antônio, até o Rio Casca, abaixo do ponto de captação da Copasa. Também está sendo realizado o acompanhamento dos sedimentos em 30 pontos no Ribeirão Santo Antônio. Foram colocadas barreiras no ribeirão Santo Antônio a fim de conter o material que está depositado no curso d’água”, informou, por meio de nota, no início da noite.
Mais cedo, a direção da Anglo American informou que, por volta das 7h40, identificou um problema no mineroduto que transporta sua produção de minério de ferro de Minas Gerais ao Rio de Janeiro em um ponto na área rural de Santo Antônio do Grama. Segundo a empresa, a extensão e a causa do acidente ainda estão sendo avaliadas. “As causas estão sendo investigadas. Neste momento, nossos esforços são para medidas emergenciais que garantam o abastecimento de água da cidade”. O incidente assustou os 4.241 habitantes da cidade. Segundo o motorista Antônio Carlos Almeida Gomes, de 31 anos, apesar do susto, os moradores seguem a rotina normalmente. “Estamos todos sem água. Tivemos sorte que o incidente ocorreu na zona rural. Agora, temos que ver quanto tempo vai demorar para normalizar o abastecimento”, comenta.
A advogada Joana Cegala, de 43 anos, moradora de Santo Antônio do Grama, disse que a população não foi informada sobre a dimensão do problema. “A informação de que o abastecimento de água seria interrompido chegou para nós de manhã, mas não disseram mais nada”, conta. Segundo ela, logo após serem informados da suspensão do fornecimento de água, moradores da região começaram a compartilhar vídeos do incidente nas redes sociais. As imagens chocaram os moradores, por mostrar os rejeitos de minério sendo despejados na água do rio após o rompimento da tubulação. Segundo João Luiz Anacleto, de 54, que também mora na cidade, as pessoas estão preocupados com a qualidade da água. “Este é o principal rio de captação da cidade. Mesmo que a água seja limpa precisamos saber se há risco de contaminação”, argumenta.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Rachel Botelho