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Igreja da Boa Viagem entra em nova etapa do trabalho de restauraçãoMatriz de São Gonçalo, no município de Belo Vale, começa a ser restauradaPrédio de Buritizeiro que abrigou escola de marinheiros é tombado pelo patrimônio mineiroIepha confirma planos para reformar Praça da LiberdadeDefesa Civil alerta para chuva forte na tarde desta quinta-feira em BHMotorista na contramão causa acidente com três feridos em Bom DespachoUma frondosa buganvília, por exemplo, tombou ao longo dos anos sobre plantas de um canteiro impedindo a entrada dos raios solares e, por consequência, matando as plantas menores. Diante de dois ciprestes, no lado esquerdo de quem olha para o Palácio da Liberdade, o arquiteto explicou que fará somente podas em ambos. “Vamos retirar apenas os galhos velhos, pois são árvores que fazem parte da história da praça”.
O movimento na Liberdade atraiu os olhares de moradores. Inconformada, uma mulher criticou o corte na base.
O poder público ainda mantém silêncio sobre o projeto. A PBH, via assessoria de imprensa, informa que se trata de uma poda para melhorar a iluminação pública. Já o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) informa que não há licitação para as obras.
POSTES HISTÓRICOS Conhecedor da Praça da Liberdade, que considera de importância para BH, principalmente pela história, Ricardo Lana disse que a Reabilitação Paisagística vai promover a transferência dos postes centenários de ferro que estão nas laterais, como na calçada do Centro Cultural do Banco do Brasil, para o interior da praça, favorecendo a iluminação e a harmonia com o espaço inaugurado em 1897 e tombado há 40 anos pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).
Nos últimos meses, a Praça da Liberdade, que sofre os impactos do tempo, do uso constante e de atos de vandalismo, está no foco das atenções urbanas. Em fevereiro, o coreto foi pichado. No ato, os agressores sujaram a fachada do equipamento com tinta spray preta. Em 2013, ele foi reinaugurado depois de dois anos interditado. Voltando no tempo, há mais episódios lamentáveis, que entristecem os frequentadores: em 2010, foi furtada a placa de bronze medindo 60cm de altura por 40cm de largura que identificava o busto do imperador dom Pedro II (1825-1891).
No âmbito político, o governador Fernando Pimentel desativou o Palácio Tiradentes, na Cidade Administrativa, no Bairro Serra Verde, em Venda Nova, e consolidou o Palácio da Liberdade, em estilo eclético com influência neoclássica, como sede do Executivo estadual – desde 2015, o governador petista despacha no prédio centenário, em estilo eclético, que data da época da fundação da capital. O local foi adotado e totalmente recuperado pela Vale em 1991, seguindo o estilo paisagístico de sua primeira reforma, datada da década de 1920, ano da visita dos reis da Bélgica a BH. O pioneirismo na adoção virou referência e sedimentou o Programa Adote o Verde, uma iniciativa municipal que permite a empresas, instituições e indivíduos adotar e revitalizar espaços públicos municipais.
DEGRADAÇÃO Basta caminhar pela praça, cercada de 15 equipamentos culturais, para ver a necessidade urgente do projeto de reabilitação. Enquanto observa a sebe de buxinho, circundando o espelho d’água, Lana destaca a necessidade de recuperação das plantas.
No gramado, há extensões pisoteadas, exigindo a recomposição. Mesmo com os problemas visíveis, a população não se afasta da Praça, procurando a sombra das árvores para ler um livro, namorar, tocar um instrumento ou apenas curtir um dia no sossego.
ESPAÇO NOBRE
1894
Palácio da Liberdade, em estilo eclético com influência neoclássica e marco da Praça da Liberdade, sai da prancheta de José de Magalhães em 1894
1920
Visita dos reis da Bélgica a Belo Horizonte. Praça da Liberdade passa pela primeira grande reforma
1942
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Praça da Liberdade se torna palco de grandes manifestações contra a Alemanha, Itália e Japão. O estopim ocorre quando mais de 50 navios brasileiros, em águas nacionais, são torpeados por submarinos alemães
1955
Depois de nomeado prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek se elege governador de Minas. No dia da posse, ele desfila em carro aberto pela Alameda das Palmeiras
1960
Em 31 de julho, multidão festeja a consagração de Nossa Senhora da Piedade como padroeira de Minas Gerais no local. A proclamação ocorrera dois anos antes, em Roma, pelo papa João XXIII
1969
Criada a Feira de Artesanato da Praça da Liberdade, que ficou conhecida como Feira Hippie
1979
Em 29 de maio, professores que reivindicavam aumento salarial e melhores condições de trabalho são expulsos pela pela polícia, que usa jatos d’água e bombas de gás lacrimogêneo
1985
Falecido em 21 de abril, o presidente Tancredo Neves é velado no Palácio da Liberdade. Na época, a grade do palácio arrebentou devido à multidão que se comprimia às portas da sede do governo.
1991
Começa o projeto de restauro do espaço a cargo da arquiteta Jô Vasconcelos. Avenida Afonso Pena se torna endereço dos expositores
1997
Em 24 de junho, o cabo da PM Valério dos Santos Oliveira, de 36 anos, é assassinado, com uma bala na cabeça. Ele liderava passeata por melhores salários
2010
Sede do governo de Minas é transferida para a Cidade Administrativa, no Bairro Serra Verde, na Região de Venda Nova
2018
Governador Fernando Pimentel volta a despachar oficialmente no Palácio da Liberdade
PALCO HISTÓRICO
Praça de histórias, lutas, conquistas e lazer. A história de Minas passa necessariamente pela Liberdade. Ao longo de décadas, o espaço foi palco de todos os tipos de manifestação: políticas, sociais, religiosas, culturais e cívicas. Durante a Segunda Guerra Mundial, depois que navios brasileiros foram torpedeados pelos nazistas em águas nacionais, milhares de belo-horizontinos cerraram fileiras para protestar contra os ataques do Eixo: Alemanha, Itália e Japão (foto). Mas a praça de 120 anos também abrigou cerimônias fúnebres e festivas e não perde o posto de marco estratégico no município: especialistas explicam que, ao projetar a nova capital, a comissão construtora chefiada pelo engenheiro Aarão Reis não escolheu o ponto mais alto para receber a sede do poder estadual. Não custa lembrar que, além de lugar charmoso, a praça é síntese de vários estilos arquitetônicos, como os prédios das antigas secretarias de Fazenda e Educação e Obras e Vias Públicas, da época da construção; ou o Edifício Niemeyer e a Biblioteca Pública, projetados pelo arquiteto modernista Oscar Niemeyer (1906-2012). Da lavra contemporânea, pontifica o Rainha da Sucata, da década de 1980, do arquiteto Éolo Maia (1942-2002).
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