Uso de dinheiro de dízimo e doações de fiéis para a compra de fazenda de criação de gado, casa lotérica e caminhonetes. Segundo investigações da polícia, essas são as irregularidades de um esquema que seria comandado pelo bispo de Formosa (GO), dom José Ronaldo Ribeiro, preso nesta segunda-feira, com quatro padres e um monsenhor, em Goiás, pela suspeita de desvios de recursos da Igreja Católica. O religioso é de Uberaba, no Triângulo Mineiro. Antes de seguir para Goiás, foi bispo de Janaúba, no Norte de Minas, onde também se viu envolvido em denúncias de irregularidades na movimentação de recursos.
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Em Minas, dom José Ronaldo assumiu a Diocese de Janaúba em agosto de 2007, logo depois de ser nomeado bispo pelo papa Bento XVI. Antes da nomeação, era padre na Paróquia Imaculada Conceição, em Sobradinho (DF). Em 2010, depois de ter nomeado um irmão para a gerência de Finanças da Diocese de Janaúba, surgiram denúncias de irregularidades na movimentação de recursos.
“As despesas com a casa episcopal aumentaram muito, mas ninguém teve coragem de formalizar denúncia por escrito para que fosse feita uma apuração”, afirma uma fonte do meios policiais de Janaúba, que pediu o anonimato. Mas o bispo negou a acusação de desvios, que atribuiu a pessoas que, segundo ele, agiam de “maneira orquestrada como forma de desestabilizar sua gestão. “Estou em paz.
Na sequência, surgiram denúncias de que jovens que moravam com dom José Ronaldo na Residência Diocesana estavam furtando bolsas e carteiras dos fiéis dentro da igreja. Ele voltou a negar as acusações. Houve filmagem de um furto, um inquérito teria sido aberto, mas a investigação não teve nenhum desfecho. Em novembro de 2014, dom José Ronaldo foi transferido pelo papa Francisco para Formosa.
O Estado de Minas encaminhou e-mail para a Diocese de Janaúba para que se pronunciasse sobre o assunto, mas não obteve resposta. Já a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou aguardar informações da assessoria jurídica para se pronunciar sobre o caso.
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça apontam que Dom José Ronaldo e os demais religiosos suspeitos compraram uma fazenda de criação de gado e uma casa lotérica com dinheiro desviado de dízimos e doações. Ao determinar a prisão temporária do grupo, o juiz Fernando Oliveira Samuel citou indícios de que o dinheiro custeava despesas pessoais dos envolvidos ..