A captação de água do Rio das Velhas para a capital mineira e a Grande BH pode ter de ser paralisada por tempo indeterminado caso o pior aconteça e as barragens B2 e B2 Auxiliar se rompam liberando quase 9 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro no manancial. O alerta é do presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH-Rio das Velhas), Marcus Vinícius Polignano, que classifica essa ameaça como inadmissível. “É inaceitável que um rio da importância do Velhas esteja sob uma ameaça tão grave quanto essa. Dependendo do total de sedimentos que um vazamento dessa magnitude ocasionar pode-se ter de implementar uma grande quantidade de químicos para purificar a água e até paralisar totalmente a captação da Copasa”, afirma. As duas barragens se encontram no Complexo Minerário de Fernandinho, entre Itabirito (Região Central) e Rio Acima (Grande BH), pertencente a uma empresa do grupo da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Minérios Nacional. Na última quarta-feira a Justiça determinou, em liminar, a interdição das estruturas, como noticiou o Estado de Minas.
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A interdição das duas barragens se deu por decisão judicial e foi motivada por uma ação civil pública movida pelo Ministério Público (MP) estadual da comarca de Nova Lima, baseada em laudos que apontavam a estabilidade geológica e hídrica das estruturas como sob risco “iminente de rompimento”.
Para o presidente do CBH-Rio das Velhas, mesmo que o rio responsável pelo abastecimento de cerca de 50% da capital e de sua região metropolitana não seja diretamente atingido num primeiro momento, esse tipo de desastre traria o carreamento contínuo de água com grande turbidez para o Velhas, resultando também em intensa poluição. “O Ribeirão Fazenda Velha tem águas muito puras e é um importantíssimo tributário para manter a boa qualidade do Rio das Velhas. O Alto Rio das Velhas é o local onde o manancial tem a melhor qualidade, atualmente e isso precisa ser preservado”, salienta.
Por meio de nota, a Minérios Nacional informou que executa a primeira etapa do projeto para as barragens B2 e B2 Auxiliar. “A atual fase consiste em drenagem das barragens com o desvio do curso d’água que abastece a estrutura, através de um canal periférico. Finalizada essa parte, a empresa iniciará o processo de estabilização, com as estruturas sendo removidas e reintegradas à paisagem natural”, afirma a nota. Nos próximos dias, a mineradora afirma que vai instalar mais uma sirene e está finalizando o planejamento do treinamento que será realizado para o público externo. “A empresa volta a reforçar que não há risco, já que todas as medidas para garantir a estabilidade da estrutura estão sendo executadas”.
Protestos contra privatização
O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) denunciou ontem violência policial em um ato em Itatiaiuçu, Região Central de Minas, a favor da ocupação feita por mulheres na fábrica da Nestlé, no Sul do estado.