Ele sempre teve uma vida sofrida. Nasceu na Zona Rural do Norte de Minas. Foi para São Paulo, onde morou na rua e entrou para o mundo das drogas. De volta a região de origem, conseguiu se libertar do vício, montou seu próprio negócio, mas se afundou em dívidas e perdeu tudo, não tendo mais sequer um telefone celular. Esta é a história de sofrimento do vendedor ambulante Leonardo Ferreira Soares, de 43 anos, que, nesta semana, repentinamente, virou uma “celebridade” na internet, como protagonista de um episódio registrado em um vídeo que viralizou nas redes sociais, alcançando 5,3 milhões de acessos até a tarde desta sexta-feira.
Leonardo vendia salgados e suco na Praça Doutor Carlos, a principal de Montes Claros, no Norte do estado, na tarde de quarta-feira. Foi abordado por um fiscal da prefeitura, que queria apreender os produtos e seu carrinho, porque ele estava em situação irregular. Pessoas que estavam local se solidarizaram e compraram tudo o que estava à venda, para impedir o prejuízo do ambulante, que se emocionou e começou chorar. A cena foi filmada por um pedestre, que divulgou o vídeo na internet.
O caso teve repercussão até em sites estrangeiros e muitas pessoas manifestaram solidariedade ao vendedor. Houve também quem se dispusesse a ajudar Leonardo, como o humorista e “youtuber” alagoano Carlinhos Maia, apontado com um dos “fenômenos” da internet no Brasil. Ele vai realizar um show em Montes Claros neste domingo.
"VIA-CRÚCIS" Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, o ambulante disse que vem de uma uma família de oito irmãos e nasceu na zona rural do município Coração de Jesus, no Norte de Minas. Perdeu o pai na infância, aos 10 anos. A família dele mudou-se para Montes Claros e Leonardo – já adulto – resolveu tentar a vida em São Paulo, onde iniciou o trabalho de vendedor de lojas de sapatos na Saúde e no Jabaquara. Mas a experiência na “cidade grande” acabou não sendo nada positiva. Influenciado por “amigos”, começou a usar drogas e foi ao fundo do poço. “Passei a morar na rua. Eu dormia na rua ou no metrô”, conta.
Há quatro anos e meio, resolveu pegar o caminho de volta para Montes Claros. Mas não tinha dinheiro para comprar a passagem. “Vim pedindo carona na estrada”, relata. Leonardo disse que, além do retorno à região de origem, também decidiu lutar contra o vício. Para isso, entrou para uma igreja evangélica (Igreja Internacional da Graça de Deus), que lhe ajudou a vencer as drogas. “Procurei Deus e já faz uns quatro anos que estou limpo. A droga me causou muitos problemas de saúde. Minha mulher queria separar de mim, minha família se afastou. Perdi muitas coisas. Depois que me batizei (entrou para a igreja e se libertou do vício) comecei a ganhar as coisas”, declara.
Ele relatou que, com a ajuda da mulher, montou uma lanchonete. Além da comercialização no estabelecimento, passou a vender salgados e sucos como ambulante. Também comprou um carro para entregas e adquiriu um apartamento a prestação em um conjunto habitacional (Belvedere), em Montes Claros.
Ele se descontrolou e ficou endividado. Acabou sendo obrigado a vender a lanchonete, sem, no entanto, se libertar das dívidas. A situação se agravou e ele foi obrigado a se desfazer do carro e vender o apartamento, pois não conseguia pagar as prestações (R$ 580 mensais) e a taxa de condomínio (R$ 160). Passou a morar em um barracão alugado e agora não tem dinheiro para pagar o aluguel, no valor de R$ 350, que vence no próximo dia 5.
Leonardo disse que, além de juntar dinheiro para quitar o aluguel, trabalha como ambulante, vendendo salgados e sucos, com o objetivo de pagar o fornecedor de gás, para quem deve R$ 160. “Estou sem botijão de gás. Hoje, tive que cozinhar no fogão a lenha”, reclamou. Informou ainda que suas dívidas somam cerca de R$ 22 mil e que com o “nome sujo” (inadimplente) não tem crédito para comprar mais nada à prestação.
Quanto questionado sobre a sua condição de “viver sem telefone celular” – coisa difícil nos dias atuais, ele argumenta: “eu preciso (do aparelho). Mas, como vou comprar um celular – que custa entre R$ 600 e R$ 700 se eu estou precisando de R$ 350 para pagar o aluguel?”. Leonardo disse que ficou surpreso com a imensa repercussão do vídeo em que aparece emocionado. “Eu fui lá (na praça onde foi abordado pelo fiscal) para trabalhar. Não sabia que iria dar essa repercussão toda”, declarou, lembrando: “acabei de dar entrevista até para um site dos Estados Unidos”.
Para o ambulante, o episódio em que se envolveu e provocou a sua “fama” repentina foi “coisa de Deus”. “Acho que foi Deus que mandou aquele cara (o fiscal). Deus falou assim pra mim: chegou a hora de te ajudar.” Ele afirma que, após tanta luta e sofrimento, diante das muitas manifestações de solidariedade nas redes sociais, tem um sentimento de proteção. “A sensação é de que estou protegido. Que não estou sozinho no mundo. Sinto-me acolhido, não pelas pessoas que me criticam, mas pelas pessoas que querem me ajudar”, assegura.
O ambulante revela ainda que seu sonho é quitar as dívidas, voltar a trabalhar legalmente como microempreendedor formalizado e dar a volta por cima. “Quero ter o orgulho de as pessoas chegarem e dizerem: esse cara que vendia coisas na praça, hoje tem a lanchonete dele”, afirma Leonardo.
Leonardo vendia salgados e suco na Praça Doutor Carlos, a principal de Montes Claros, no Norte do estado, na tarde de quarta-feira. Foi abordado por um fiscal da prefeitura, que queria apreender os produtos e seu carrinho, porque ele estava em situação irregular. Pessoas que estavam local se solidarizaram e compraram tudo o que estava à venda, para impedir o prejuízo do ambulante, que se emocionou e começou chorar. A cena foi filmada por um pedestre, que divulgou o vídeo na internet.
O caso teve repercussão até em sites estrangeiros e muitas pessoas manifestaram solidariedade ao vendedor. Houve também quem se dispusesse a ajudar Leonardo, como o humorista e “youtuber” alagoano Carlinhos Maia, apontado com um dos “fenômenos” da internet no Brasil. Ele vai realizar um show em Montes Claros neste domingo.
"VIA-CRÚCIS" Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, o ambulante disse que vem de uma uma família de oito irmãos e nasceu na zona rural do município Coração de Jesus, no Norte de Minas. Perdeu o pai na infância, aos 10 anos. A família dele mudou-se para Montes Claros e Leonardo – já adulto – resolveu tentar a vida em São Paulo, onde iniciou o trabalho de vendedor de lojas de sapatos na Saúde e no Jabaquara. Mas a experiência na “cidade grande” acabou não sendo nada positiva. Influenciado por “amigos”, começou a usar drogas e foi ao fundo do poço. “Passei a morar na rua. Eu dormia na rua ou no metrô”, conta.
Há quatro anos e meio, resolveu pegar o caminho de volta para Montes Claros. Mas não tinha dinheiro para comprar a passagem. “Vim pedindo carona na estrada”, relata. Leonardo disse que, além do retorno à região de origem, também decidiu lutar contra o vício. Para isso, entrou para uma igreja evangélica (Igreja Internacional da Graça de Deus), que lhe ajudou a vencer as drogas. “Procurei Deus e já faz uns quatro anos que estou limpo. A droga me causou muitos problemas de saúde. Minha mulher queria separar de mim, minha família se afastou. Perdi muitas coisas. Depois que me batizei (entrou para a igreja e se libertou do vício) comecei a ganhar as coisas”, declara.
Ele relatou que, com a ajuda da mulher, montou uma lanchonete. Além da comercialização no estabelecimento, passou a vender salgados e sucos como ambulante. Também comprou um carro para entregas e adquiriu um apartamento a prestação em um conjunto habitacional (Belvedere), em Montes Claros.
Ele se descontrolou e ficou endividado. Acabou sendo obrigado a vender a lanchonete, sem, no entanto, se libertar das dívidas. A situação se agravou e ele foi obrigado a se desfazer do carro e vender o apartamento, pois não conseguia pagar as prestações (R$ 580 mensais) e a taxa de condomínio (R$ 160). Passou a morar em um barracão alugado e agora não tem dinheiro para pagar o aluguel, no valor de R$ 350, que vence no próximo dia 5.
Leonardo disse que, além de juntar dinheiro para quitar o aluguel, trabalha como ambulante, vendendo salgados e sucos, com o objetivo de pagar o fornecedor de gás, para quem deve R$ 160. “Estou sem botijão de gás. Hoje, tive que cozinhar no fogão a lenha”, reclamou. Informou ainda que suas dívidas somam cerca de R$ 22 mil e que com o “nome sujo” (inadimplente) não tem crédito para comprar mais nada à prestação.
Quanto questionado sobre a sua condição de “viver sem telefone celular” – coisa difícil nos dias atuais, ele argumenta: “eu preciso (do aparelho). Mas, como vou comprar um celular – que custa entre R$ 600 e R$ 700 se eu estou precisando de R$ 350 para pagar o aluguel?”. Leonardo disse que ficou surpreso com a imensa repercussão do vídeo em que aparece emocionado. “Eu fui lá (na praça onde foi abordado pelo fiscal) para trabalhar. Não sabia que iria dar essa repercussão toda”, declarou, lembrando: “acabei de dar entrevista até para um site dos Estados Unidos”.
Para o ambulante, o episódio em que se envolveu e provocou a sua “fama” repentina foi “coisa de Deus”. “Acho que foi Deus que mandou aquele cara (o fiscal). Deus falou assim pra mim: chegou a hora de te ajudar.” Ele afirma que, após tanta luta e sofrimento, diante das muitas manifestações de solidariedade nas redes sociais, tem um sentimento de proteção. “A sensação é de que estou protegido. Que não estou sozinho no mundo. Sinto-me acolhido, não pelas pessoas que me criticam, mas pelas pessoas que querem me ajudar”, assegura.
O ambulante revela ainda que seu sonho é quitar as dívidas, voltar a trabalhar legalmente como microempreendedor formalizado e dar a volta por cima. “Quero ter o orgulho de as pessoas chegarem e dizerem: esse cara que vendia coisas na praça, hoje tem a lanchonete dele”, afirma Leonardo.