Um tipo do vírus influenza que provocou a pior temporada de gripe nos Estados Unidos desde 2009 acende o alerta para as autoridades de saúde de Minas Gerais. A circulação do H3N2 infectou mais de 47 mil pessoas e provocou mortes, principalmente de crianças e idosos no país norte-americano. A cepa já está circulando em território mineiro. Balanço da Secretaria de Estado de Saúde (SES) divulgado ontem mostra oito casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) provocados por influenza foram do tipo H3N2. Destes, quatro pacientes foram infectados em Belo Horizonte. Profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) já receberam qualificação para a sazonalidade do vírus. Uma das forças de prevenção é inclui a vacinação. A campanha está marcada para começar em 16 de abril. Especialistas apontam que os moradores devem tomar medidas de higiene respiratória.
Casos de Srag começaram a ser registrados desde o início do ano. Foram 221 notificações até 10 de março. Destas, 130 exames foram analisados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), com confirmação de oito casos da síndrome provocada por influenza. Destes, 75% foram pelo tipo A, todos do subtipo A/H3 sazonal, o mesmo que se espalhou pelos Estados Unidos, e 25% pelo tipo B. Belo Horizonte registra o maior número de casos, sendo quatro no total. Pacientes também contraíram o vírus Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e Varginha, no Sul de Minas. Juiz de Fora, na Zona da Mata, e Lagoa Santa, na Grande BH, tiveram casos de influenza tipo B.
A incidência de casos do vírus H3N2 acende um alerta da Secretaria de Estado de Saúde (SES). “A gente está acompanhando muito o que ocorreu nos Estados Unidos no ano passado. Teve uma circulação muito intensa do H3N2 e lá houve um aumento muito grande de internações, principalmente de idosos e crianças. Então, estamos acompanhamos a variação do H3N2. É uma doença grave como qualquer influenza”, disse Janaína Fonseca Almeida, diretora de Vigilância Epidemiológica da SES.
No ano passado, Minas registrou 300 casos de Srag provocados por influenza. Destes, 50 pacientes não resistiram. O tipo A/H3 sazonal foi novamente o subtipo mais identificado. Em 2016, o índice de mortalidade pelo vírus foi o maior desde 2009. Foram 1.059 casos registrados, que resultaram em 291 mortes.
A forma mais segura de prevenção contra o vírus é por meio da vacinação. A campanha já está em fase de preparação e deve ter início em 16 de abril, com previsão de término em 25 de maio. “Estamos trabalhando nas questões de mídia relacionadas à campanha”, explicou Janaína Almeida. Os grupos de riscos serão convocados. São eles: idosos acima de 60 anos, crianças de seis meses a menores de 5 anos, gestantes, mulheres até 45 dias após o parto, trabalhadores de saúde, povos indígenas, portadores de doenças crônicas, e os professores da rede pública e particular. “Ano passado conseguimos bater a meta, mas tivemos que estender os dias de campanha. Nossa maior dificuldade é com gestantes. É um grupo muito importante para vacinar e não tem nenhuma contraindicação”, complementou.
OUTROS CUIDADOS Medidas de higiene podem também ser tomadas pelos moradores. Ao tossir e espirrar, deve ser usada a parte interna dos braços para tampar o rosto, as pessoas devem utilizar lenços descartáveis, evitar locais com aglomeração, deixar o ar circular principalmente no inverno e em dias frios, não se automedicar, não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, copos e pratos, e diante de qualquer sintoma devem procurar um posto de saúde.
Os profissionais do SUS já receberam as orientações sobre as estratégias deste ano. “A gente fez um simpósio sobre o Influenza em 7 de março com as 28 regionais de saúde. Foi uma fase preparatória para a sazonalidade deste ano. Todos os municípios estão se preparando para a vacinação e as unidades estarão em alerta”, finalizou a diretora de Vigilância Epidemiológica da SES.