A aposta das autoridades estaduais para dar tranquilidade à população que transita pela BR-356, na altura do trevo do Bairro Belvedere, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, passa pela tecnologia de ponta. Um sistema de última geração que faz o monitoramento em tempo real do muro de contenção da rodovia permite aos engenheiros do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER/MG) ter conhecimento de qualquer movimentação da parede, com precisão de 0,1 milímetro, e até fechar a rodovia ser for necessário, a partir da emissão de um alerta sonoro.
O principal equipamento de monitoramento na obra de reforço na contenção da BR-356 é um radar fornecido pela empresa australiana Ground Probe. Chamado em português de Radar de Estabilidade de Taludes (SSR, sigla em inglês para Slope Stability Radar), o aparelho escaneia a parede completa e envia os dados para um computador, no escritório avançado montado no canteiro de obras. Do computador, o engenheiro geotécnico pode escolher pontos para acompanhar e tem a real noção se há movimentação na estrutura. “É um sistema de ponta, usado no mundo inteiro para gerenciar riscos. Tem precisão de até 0,1 milímetro de movimentação do muro, e emite níveis intermediários de alarme se houver algum problema”, afirma Antônio Rocha, gerente da empresa que está fornecendo a tecnologia. Ele explica que, nesse caso, há dois tipos de alarme: um amarelo, que indica necessidade de alguma vistoria presencial, e um vermelho, que exige a retirada do local tanto dos trabalhadores quanto dos veículos. Se isso acontecer, o secretário Murilo Valadares informou que equipes do DEER/MG farão o fechamento imediato do trânsito na rodovia.
Mas o chefe da pasta que cuida de transportes e obras públicas de Minas Gerais garantiu que a estrutura está controlada. “O muro hoje está estável. Estamos monitorando, e qualquer deslocamento será avisado com alarme. Hoje está estabilizando, mas ainda estamos trabalhando. O risco diminuiu muito”, afirmou o secretário. Para que isso acontecesse, o trabalho principal foi a instalação, a partir de quarta-feira passada, de seis tirantes especiais, capazes de suportar cada um 85 toneladas e perfurados a 32 metros dentro da parede. Três vigas, que podem ser vistas na parte externa do muro, foram usadas com os tirantes. Esse trabalho garantiu a estabilização de um painel que estava em situação mais crítica, e por isso gerava risco de colapso da estrutura.
Valadares também disse que a intervenção só foi possível depois que a Prefeitura de BH removeu as casas construídas na base do muro. Engenheiros do DEER/MG ainda discutem a possibilidade de demolir mais moradias na Vila São Bento, comunidade estabelecida abaixo do paredão, e sugeriram à administração do município a ampliação do perímetro de segurança vizinho. Segundo a Urbel, já foram removidas as 32 famílias que ocupavam imóveis cuja necessidade de retirada foi apontada por engenheiros do departamento estadual. A empresa municipal informou que aguarda estudo apontando eventual necessidade de novas desocupações.
SEGURANÇA O diretor-geral do DEER/MG, Davidsson Canesso, disse que o prazo máximo de cinco meses projetado para a obra leva em consideração questões de segurança, mas afirma que a intervenção pode ser concluída antes disso, talvez em até 90 dias, prazo projetado inicialmente. “Até agora, o monitoramento indica um processo sem problemas e vamos então partir para o trabalho definitivo de travamento de todo o muro. Apesar de estar monitorado, estamos trabalhando com 100% de segurança”, sustentou.
Após a conclusão da inserção de 300 tirantes entre as atuais estruturas que estão defasadas, será necessário fazer o nivelamento do asfalto na rodovia acima do muro, já que foi registrado afundamento de parte da BR-356 na pista em direção ao Rio de Janeiro. Devido a essa situação, duas faixas da rodovia foram interditadas, o que gera mais transtornos no horário de pico da tarde. O secretário Murilo Valadares afirmou que, daqui para frente, a perspectiva é de diminuição da interdição, mas que isso vai variar de acordo com o andamento da obra. Não há prazo para liberação total do tráfego.