O proprietário de um areal em Governador Valadares decidiu armazenar a lama que retira diariamente do Rio Doce para enviar, em tambores, à mineradora Vale. Segundo ele, o ato é uma forma de protesto pela não retirada dos resíduos de mineração arrastados para o curso d'água no rompimento da Barragem do Fundão, da Samarco, em Mariana. O desastre ocorreu em novembro de 2015 e deixou 19 mortos.
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Após novo vazamento em mineroduto, Anglo vai dar férias coletivas aos funcionáriosRecuperação da Bacia do Rio Doce custará bilhões, avalia comitêPoluição do Rio Doce cresceu no último ano: 88,9% da água está comprometidaComunidade denuncia impactos hídricos devido a barragemAnálise de estabilidade da Barragem Casa de Pedra entra na reta finalOs resíduos sólidos estão sendo colocados em tambores com capacidade para até 200 quilos que são rotulados no local como “resíduo tóxico industrial”. “Existe uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) com a classificação de risco para cada tipo de material. Esse tipo é classificação de risco 6.1 (substâncias tóxicas)”, diz o areeiro. Silva começou a acumular os rejeitos no ano passado e segundo ele, até o momento, já encheu 60 tambores. A empresa conta com cerca de 600.
O proprietário do areal planeja acionar as autoridades para saber como os resíduos podem ser transportados de maneira segura. “Estamos encaminhando ofícios para a Supram (Superintendência Central de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) e para o Codema (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente) para ver qual caminho vão dar para esse material. E entregar na portaria da Vale e solicitar que retornem com ele”, enfatiza. “O que acontece é o seguinte: se tem que fazer a barragem, é porque o material não pode ser despejado no rio. Se foi despejado e pode ficar, não precisa fazer barragem. Porque exigiram que fizessem uma barragem lá atrás?”, questiona.
O empresário diz se preocupar com a situação do Rio Doce e o que pode acontecer no futuro, também em relação à saúde das pessoas, caso os resíduos não sejam retirados. “O que estamos fazendo é uma coisa simbólica, quase. É muito pequeno diante do que eles têm que fazer”, analisa Edertone José da Silva.
A Fundação Renova - criada para gerir os planos de recuperação dos impactos causados pelo rompimento da Barragem do Fundão - divulgou nota na noite desta sexta-feira.
A Fundação Renova - criada para gerir os planos de recuperação dos impactos causados pelo rompimento da Barragem do Fundão - divulgou nota na noite desta sexta-feira.
Confira na íntegra:
As soluções para os rejeitos foram contempladas no Plano de Manejo de Rejeito, aprovado em junho de 2017, que dividiu a região impactada em 17 trechos. O plano envolve extensão de 670 quilômetros de cursos d’água entre Fundão e a foz do Rio Doce. Houve o enriquecimento da vegetação e renaturalização do solo em parte desta extensão.
A previsão de entrega do plano do trecho de Governador Valadares é maio deste ano. Todas as ações de manejo de rejeito ao longo da bacia do Rio Doce a previsão é de conclusão em 2023. Dentro do plano manejo de rejeitos, haverá a proposta de remoção dos rejeito quando essa for a alternativa que tiver o menor impacto ambiental e social.
É importante ressaltar que fazer manejo do rejeito não significa necessariamente retirar o produto de onde ele está armazenado. A solução será definida caso a caso. A decisão final para cada trecho tem como princípio as soluções com menor impacto ao meio ambiente e à sociedade em sua implantação. Composto por ferro, manganês e alumínio, o resíduo é resultado da lavagem de rochas do próprio solo.
Todas as análises de solo, rejeito e sedimentos, mostram que os resultados da concentração de metais ficam abaixo dos valores estabelecidos pela legislação de áreas contaminadas. O sedimento foi caracterizado pela norma de resíduos como não perigoso em todas as amostras.
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