A mineradora Anglo American promete divulgar nos próximos dias laudo indicando as causas de dois vazamentos em um período de 17 dias em tubulações do mineroduto da empresa em Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata mineira. O segundo incidente ocorreu anteontem à noite, e levou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) a interditar mais uma vez as operações da empresa, que agora ficarão paralisadas por pelo menos 30 dias. A companhia já decidiu dar férias coletivas a funcionários. A retomada das atividades só deve ocorrer depois de um pente-fino a ser feito ao longo de toda a extensão do mineroduto – 529 quilômetros a partir de Conceição do Mato Dentro, na Região Central de Minas, até o Porto do Açu (RJ).
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Após novo vazamento em mineroduto, Anglo vai dar férias coletivas aos funcionáriosIbama suspende operação de empresa após segundo vazamento em minerodutoMineroduto se rompe pela segunda vez em menos de 20 dias em Minas Gerais Semad determina série de medidas à Anglo American por rompimento de mineroduto Vazamentos de mineroduto deixam moradores sem água e trabalho em MGVazamentos em tubos de mineroduto em Santo Antônio do Grama teriam origem comumBombeiros encontram corpo de mulher que se afogou com a filha em Minas Novo rompimento em mineroduto inquieta moradoresEm entrevista coletiva ontem à tarde, ele explicou que, na ocasião anterior, foi trocada a tubulação afetada e feita inspeção em dutos próximos. “Bombeamos água nos tubos durante três dias como forma de teste e para garantir que o mineroduto estivesse estancado.
A Anglo American informou que vai negociar com sindicato e seguir os trâmites do Ministério do Trabalho para férias coletivas de parte de seus empregados em Conceição do Mato Dentro. São 4 mil em todo o país, 2,5 mil deles na cidade mineira, mas ainda não se definiu quantos funcionários ficarão parados. A medida vai atingir aqueles que estão nas operações de mina e de planta de beneficiamento de minério.
Um plano de inspeção maior estava previsto para os próximos meses, mas, diante da urgência, será adequado para entrar em vigor imediatamente, de acordo com a mineradora. A avaliação contará com um equipamento de ultrassom chamado PIG, que age dentro da tubulação para verificar falhas.
Por dia, a empresa produz 50 mil toneladas de minério. O presidente não informou quanto já foi gasto nas duas operações de contenção, afirmando apenas que os valores estão sendo contabilizados. A inspeção ficará a cargo de uma empresa independente. Uma segunda deverá ser contratada, atendendo a requisição do Ibama.
Neste segundo vazamento, 174 toneladas da polpa de minério foram carreadas para o Córrego Santo Antônio – antes, foram 300 toneladas (o equivalente a um caminhão de minério). Parte do material ultrapassou o leito e atingiu uma fazenda vizinha. A empresa disse que se responsabilizará pela recuperação da área, bem como de outras propriedades que foram ou vierem a ser atingidas.
Também se comprometeu a dar suporte e a retirar vizinhos que não se sintam à vontade em ficar em seus imóveis durante os reparos. Ao contrário do que ocorreu na primeira quinzena do mês, quando os moradores da cidade ficaram três dias sem água, de acordo com a companhia não houve desabastecimento à população, pois agora a captação é feita pelo Rio Salgado.
FALHAS Segundo o presidente da empresa, a falha foi detectada por uma equipe que fazia a inspeção e avisou a sala de controle do mineroduto, estancando o vazamento.
Em caso de falhas e fragilidades, a empresa deverá fazer os reparos necessários. O Ibama deu ainda prazo de 48 horas para a Anglo American apresentar laudo com descrição dos danos provocados em decorrência do acidente e detalhamento das medidas de mitigação, controle e reparação feitos pela empresa. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informou que uma equipe do Núcleo de Emergência Ambiental (NEA) foi ao local para avaliar a situação e adotar as medidas ambientais cabíveis..