A denúncia de um tiro disparado por um morador do Bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, contra um garçom da vizinhança levou a polícia a um verdadeiro arsenal, acompanhado de pólvora e farta munição, guardados no imóvel do suspeito. Com histórico de problemas com vizinhos, de quem ganhou o apelido de “Maníaco da Janela” pelo hábito de olhar insistentemente para o interior de moradias vizinhas, o homem foi preso com várias armas com registro de colecionador em seu apartamento na Rua São Domingos do Prata, no Bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Segundo o tenente-coronel Júlio César Gomes Meneguite, comandante do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam), nenhum dos disparos acertou o homem, mas ele foi agredido com uma coronhada na cabeça. A vítima, que não quis se identificar, afirmou que não tinha nenhuma rixa com o agressor. “Comigo não tinha nada. Mas ele já brigou outras vezes com pessoas da região”, disse. Ele afirma que não teme que o suspeito acabe ficando solto. “Estou tranquilo”, resumiu.
A equipe do Estado de Minas esteve nas imediações da casa do autor do crime e também do bar onde trabalha o funcionário agredido, separados apenas por um quarteirão da Rua Viçosa. Com medo de represálias, muitas pessoas abordadas não quiseram dar declarações, mas a grande maioria deixou claro que o homem preso pela PM é conhecido no Bairro Santo Antônio por seus problemas com a vizinhança.
Duas pessoas que pediram anonimato disseram ter presenciado o acusado em atitude suspeita na quarta-feira, antes de ele fazer os disparos e agredir o garçom, de 22 anos. Uma delas confirmou que ele tem o hábito de ficar na janela olhando para os vizinhos. “Ontem, eu o vi exibindo armas na janela. Ele ficava mostrando as pistolas e olhando para a rua”, afirma. Já outra pessoa disse que ouviu tiros no fim da noite, no momento em que a PM foi chamada. “Ouvi o barulho, vi que ele estava segurando alguma arma e logo depois entrou no prédio”, diz.
No momento da chegada da PM no local, o autor não estava, mas testemunhas apontaram seu endereço. Como ele se recusou a abrir a porta, a fechadura foi arrombada e os militares entraram no imóvel, encontrando o suspeito dentro do apartamento, acompanhado de um idoso, que seria seu pai, e de uma cuidadora do senhor. “Ele se identifica como policial civil, mas não é da polícia, e já tem passagens anteriores por disparos de arma de fogo”, afirma o tenente-coronel Júlio Meneguite.
No local, foram encontradas três pistolas calibre .380, duas pistolas calibre .40, uma carabina Winchester calibre .44, uma escopeta calibre 12, além de muita munição e carregadores de armas. Ainda segundo o comandante do Batalhão Rotam, como o autor não apontou de qual arma foram feitos os disparos, todo o arsenal foi apreendido, após contato prévio com a Polícia Civil. A maioria das armas tinha o registro de colecionador, conforme o tenente-coronel.
Como a vítima da primeira ação foi atingida por uma coronhada, ela foi encaminhada para o hospital, onde foi atendida e acompanhou o encerramento da ocorrência. A cuidadora do idoso que estava na casa informou que foi obrigada a manter a porta fechada quando os policiais chegaram. O caso foi encaminhado para a Central de Flagrantes da Polícia Civil do Barreiro e não havia sido encerrada até o fechamento desta edição. O Estado de Minas tentou, mas não conseguiu contato com o acusado ou alguém que pudesse falar em seu nome.