Tradição popular que se preze se conserva não importa quantos anos passem. E a ameaça a uma dessas preciosidades no Triângulo mineiro levou o Ministério Público Federal (MPF) em Uberlândia a agir. Sexta-feira que vem, o órgão faz audiência pública para discutir a legitimidade de decisão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que proibiu, às margens da BR-365, a montagem de barracas de apoio aos romeiros que vão em direção ao município de Romaria, no Alto Paranaíba.
Segundo inquérito civil do MPF, essas barracas são montadas com o objetivo de dar apoio aos romeiros que vão à tradicional festa religiosa em homenagem a Nossa Senhora da Abadia, que ocorre entre 1º e 16 de agosto. As barracas dão assistência médica, de enfermagem, alimentação, banheiros e lugar para dormir aos romeiros durante a peregrinação. A Prefeitura de Uberlândia, responsável pela maior barraca, não cobra nada dos romeiros.
O MPF recebeu representação que relata preocupação com a notícia de que o Dnit proibiria a instalação das barracas, que são colocadas na rodovia há mais de 25 anos tanto por particulares quanto pela prefeitura de Uberlândia. Segundo a representação, caso as estruturas fossem desmontadas traria prejuízo e prejudicaria o evento religioso e aumentaria em demasia o trânsito de veículos, já que particulares também oferecem apoio com seus carros, aumentando a chance de acidentes.
De acordo com o Dnit, a proibição seria em razão de obras em andamento de revitalização em trechos da BR-365, que alteraram a rodovia em suas características originais, inclusive com a eliminação de acostamentos, gerando risco aos peregrinos.
O procurador da República Leonardo Andrade Macedo, responsável pelo inquérito, sustenta que o objetivo é ouvir a sociedade organizada, os cidadãos, os órgãos direta ou indiretamente envolvidos com as questões relacionadas à autorização e uso de área marginal às rodovias federais e à organização da festa de Nossa Senhora da Abadia.