A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é recordista de patentes no país e agora quer bater também outro feito: a de detentora da maior quantidade de produtos pensados e desenvolvidos em seus laboratórios, mas que se tornaram realidade no mercado. Para isso, vai surfar na onda da nova legislação tecnológica brasileira, o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei 13.243/16), para fazer parcerias com o setor privado, arrecadar royalties e, assim, se livrar da atual dependência financeira das agências públicas, responsáveis por bancar a pesquisa no Brasil. Com uma política própria para cuidar do tema, a Federal espera usar e abusar de seu potencial para comercializar mais de 800 depósitos de patentes.
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UFMG se destaca na pesquisa de doençasEspecialistas indicam medidas de higiene respiratória para evitar gripePolícia prende, em São Paulo, suspeitos de ataques a bancos em PassosGrupo é preso suspeito de série de roubos em BH e na região metropolitanaMotorista foge após bater Porsche em muro na zona sul de BHClínica de Olhos da Santa Casa vai dar lugar a oncologiaSerra do Espinhaço vai ganhar parque estadualA reitora da UFMG, Sandra Goulart, acredita que o marco fará diferença na relação das universidades com o setor empresarial no que diz respeito à transmissão de conhecimento. “A UFMG já se destaca, sendo a primeira universidade do Brasil em registro de patentes (são 933). Mas ela tem também que passar o registro para a comercialização. Ou seja, o licenciamento dessas patentes precisa de uma cooperação específica com o setor empresarial”, afirma.
Um dos primeiros tabus a se vencer, de acordo com a reitora, será quebrar a tradição no país de as empresas não procurarem as instituições públicas de ensino na proporção que se gostaria. A partir de agora, a expectativa é aproximar os dois para fazer pesquisa de ponta. Na UFMG, foram feitos contratos de licenciamento para cerca de 100 das 933 patentes. Três se destacam: plataforma de busca Somos, usada por outras universidades, como a Estadual de Campinas (Unicamp) e a Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); vacina contra leishmaniose (Leish-tec); e a mosquitrap, armadilha para capturar as fêmeas do Aedes aegypti. “Temos cerca de 900 registros que precisam ser comercializados. É um potencial enorme para o país”, ressalta.
TRANSFERÊNCIA Para viabilizar esse passo, a Federal de Minas não perdeu tempo.
Outra mudança significativa foi a saída da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) do guarda-chuva da Pró-Reitoria de Pesquisa. Agora, ela está oficialmente ligada ao gabinete da Reitoria e passa a se chamar Núcleo de Inovação Tecnológica e Social (Nits), tendo interação forte junto à Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), com o objetivo de agilizar os processos. Passa a ser permitido a entrada de recurso para a universidade por meio do compartilhamento e uso de sua infraestrutura. “A UFMG já é uma referência no país e vai dar um passo maior ainda dentro do que é permitido pelo marco. Mas, não adianta ela sozinha na frente. É preciso todo um contexto de apoio para que isso possa ser feito e esse é o momento ideal”, destaca Sandra Goulart.
FÔLEGO A entrada do setor privado traz, com o aporte financeiro, a expectativa de alívio frente a crise em que estiveram ou ainda estão as agências públicas de financiamento.
Este ano, foi a vez de bolsistas da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) sentirem na pele a crise financeira do estado. Estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado denunciaram mês passado estarem há mais de um ano recebendo os benefícios em atraso. “Trazer o setor empresarial para perto das universidades é uma forma de garantirmos a pesquisa de qualidade com outras verbas que não sejam as governamentais”, afirma Sandra Goulart. A reitora lembra que os cortes nas agências são uma preocupação e destaca a posição do Brasil como 13º produtor de artigos científicos. “Esse avanço pode ser fragilizado se esses recursos e apoio não forem sustentáveis ao longo dos anos. O Brasil avançou muito e o marco legal vai dar um passo à frente.