Três viaturas do Corpo de Bombeiros foram ao local e a área foi isolada no cruzamento entre as ruas São Paulo e Gonçalves Dias. A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) demorou quase uma hora para desligar a energia na região, o que atrasou os trabalhos dos bombeiros para o combate ao incêndio.
Carmen Campos, de 56 anos, dona de um dos veículos atingidos, disse que havia estacionado no local cerca de 10 minutos antes de o incêndio começar. "Saí do carro, entrei para a loja e em menos de cinco minutos escutamos um barulho e vimos o fogo", contou, consternada, a comerciante.
A filha, Kênia Campos, que estava na vaga antes de a mãe entrar, disse que está em estado de choque e avaliou que esse incidente poderia ter sido evitado se a prefeitura tivesse feito vistoria das árvores da região. "Não tinha ventado forte nem chovido. Outras árvores já caíram aqui na rua há mais tempo. É displicência", apontou. "Foi muito perto, em um espaço de tempo muito curto. É Deus. Todo mundo tem seu tempo aqui, ninguém vai antes da hora."
O engenheiro Renato Queiroz, de 42, ficou aliviado ao perceber que seu carro não foi atingido. O veículo dele estava na estacionado na mesma fila dos que se queimaram. "Meu carro era o próximo. Estaciono sempre por aqui, agora, só vou parar onde não tiver árvores", disse.
PÂNICO
A garçonete Izabela Esquerdo, de 33, contou que tomou um susto com o fogo e a explosão. "Eram aproxidamente 16h50 e vimos a árvore caindo, derrubando o poste e os carros pegando fogo. Foi um susto muito grande", disse. Segundo ela, funcionários de outro estabelecimento da região disseram que a raíz da árvore estava exposta, com risco de queda. Técnicos da PBH estiveram no local, mas ainda não informaram o motivo da queda da árvore.Os bombeiros aconselharam a evacuação de sete prédios devido à fumaça. A Defesa Civil ainda deve fazer uma vistoria nesses edifícios.
A idosa Ângela Alvares Pereira, de 84, também saiu às pressas do Edifício Argos, na Rua São Paulo com Avenida Álvares Cabral. Ela mora no 10º andar e precisou de ajuda para deixar sua casa, já que se locomove em cadeira de rodas. “Foram dois anjos que me ajudaram a descer", contou, referindo-se aos policiais que a auxiliaram. "Fiquei muito preocupada quando minha cuidadora disse que havia fogo. Se não fosse pela cadeira, eu tinha até pensando em pular”, contou ela. Moradora do prédio há 32 anos, ela conta que nunca viu algo tão desesperador na região.
A Cemig informou que o acidente provocou a quebra de um poste, com um transformador de energia. “Imediatamente, o Centro de Operações da Distribuição desligou remotamente a energia de forma preventiva em parte dos bairros Lourdes, Funcionários e Santo Agostinho e informou ao Corpo de Bombeiros que toda a região estava sem eletricidade, garantindo a segurança do trabalho de combate ao incêndio.”
Apesar da demora de quase uma hora, a empresa afirma que a região afetada é “equipada com equipamentos de acionamento remoto, que não dependem da presença física das equipes para a interrupção do fornecimento”. Segundo a Cemig, o religamento da energia da maioria dos consumidores ocorreu por volta das 18h50.
Apenas "a região mais próxima da Rua São Paulo permanece desligada até o término do trabalho dos bombeiros e o conserto da rede elétrica, o que deve ocorrer durante a madrugada", completou.
Nesta quinta-feira, o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Josué Valadão, concederá uma entrevista coletiva sobre as providências relativas às podas e supressões de árvores em risco na capital.