Equipes de policiais militares, com ajuda de um helicóptero Pegasus, vasculharam na noite de ontem as imediações do Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em mais uma noite de tensão no presídio. Seis presos fugiram. As buscas começaram depois de uma “tereza” (corda feita de lençóis) ter sido encontrada no muro, próximo à guarita 3. Por volta das 23h, a procura foi suspensa sem que ninguém tenha sido capturado, segundo a sala de imprensa da PM. Na manhã de hoje, a corporação confirmou que um dos detentos foi recapturado.
Esta é a quinta fuga desde dezembro. As quatro anteriores colocaram nas ruas criminosos de alta periculosidade. Dos 25 detentos que escaparam da unidade de segurança máxima nesses episódios, apenas sete foram recapturados. O restante segue foragido.
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Além dos dois, seguem foragidos: Flávio Augusto Fialho, que responde por homicídio, tentativa de homicídio e roubo; Cristiano Medeiros Graciano, por associação ao tráfico de drogas; Jonatas Ferreira Carneiro, por homicídio e roubo; Edicarlos Lopes Silva, que responde por roubo; Bruno Jefferson Vasconcelos, por roubo e desobediência; Vinício Gomes de Andrade, por roubo; Elionae José dos Santos, por furto e roubo; Jhon Marcos Pereira, furto e tentativa de furto; Emerson Cassimiro Gomes, por roubo; Adriano Ferreira de Souza por roubo e sequestro; Fábio Barroso Silva, por roubo; Fábio Fernandes da Silva por homicídio e roubo. Thales Viana Rodrigues foi preso por homicídio e lesão corporal. Os crimes de Fernando Raimundo de Souza e Weverton Araújo da Silva, não foram divulgados pela Secretaria de Estado Administração Prisional (Seap).
A fuga de ontem foi a segunda nesta semana. Na terça-feira, quatro detentos fugiram. Informações extraoficiais dão conta de que eles seriam ligados a uma facção criminosa. Em 27 de janeiro, oito presos escaparam e a fuga foi sucedida por um motim com fogo em colchões. Na ocasião, detentos reclamaram da falta de água no presídio e denunciaram que o problema seria uma represália à fuga, fato que foi negado pelo governo do estado. Dois meses depois, mais 10 detentos fugiram, sendo que dois foram imediatamente recapturados.
ATAQUE A ÔNIBUS Ontem, mais um ônibus foi incendiado por criminosos em Belo Horizonte.
Conforme a PM, o veículo foi queimado por três homens armados, que chegaram em um Vectra escuro e renderam o motorista. Um bilhete deixado no local continha supostas reivindicações de detentos do presídio Bicas II, em São Joaquim de Bicas, na Grande BH. As chamas atingiram a rede elétrica e parte do quintal de uma casa. Ninguém ficou ferido. De acordo com a Seap, ainda não é possível relacionar os incêndios dos ônibus ao sistema prisional.
Liminar barra limitação de visita
No momento em que o Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, vive uma série de fugas, o juiz Wagner Cavalieri, titular da Vara de Execuções Criminais da cidade, deferiu parcialmente uma liminar que proíbe o cancelamento de visitas de amigos (as) e namoradas (os) de presos por meio de portaria ou comunicado geral. A direção da unidade havia emitido uma mensagem informando que os cadastros estariam cancelados para amigos ou namoradas, sem prejuízo para parentes, mas a própria Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) admitiu que o comunicado 01/2018 seria retificado, submetendo os cadastros a análises individuais. Em sua decisão de caráter liminar, o juiz argumentou que a Lei de Execuções Penais permite a visita de amigos e que um cancelamento sem fundamentação específica caso a caso pode incorrer em arbitrariedade. O magistrado garantiu o poder da Seap de manter, restringir ou cancelar os cadastros desde que apreciados de forma individual.
A decisão do juiz Wagner Cavalieri foi motivada por pedido de liminar impetrado pela Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais e sua subseção de Contagem, ambas por suas comissões de Assuntos Carcerários.
Não há nenhum impedimento para os parentes, como pais, filhos, enteados, irmãos, avós, netos, tios e primos, além dos sogros, genros, noras, cônjuges ou união estável. O comunicado anunciava as restrições a partir de amanhã. O presidente da Comissão de Assuntos Carcerários da OAB/MG, Fábio Piló, disse que a decisão do juiz é uma vitória, mesmo que parcial. “Ela chega para acalmar um pouco o sistema prisional de Contagem”, afirma. De janeiro até terça-feira, 22 presos já haviam fugido da Nelson Hungria, sendo que apenas dois foram recapturados. Além disso, vários episódios foram registrados na penitenciária desde outubro do ano passado, entre fugas frustradas, assassinato de preso e ataques ordenados de dentro do presídio. Todas as ocorrências colocam à prova a segurança máxima da penitenciária, considerada um termômetro para o sistema prisional do estado.