O protesto foi organizado pelas redes sociais e contou com cerca de 20 mulheres, que, nas vésperas do dia das mães, chamou a atenção de quem passava pelo local na tarde deste sábado. O estabelecimento ressaltou que vai reforçar o treinamento dos seus funcionários para que eles tenham 'a melhor postura diante de tal fato”.
A estudante de odontologia Marina Brandão Braga, de 25 anos, diz que houve tentativa de impedi-la de amamentar sua filha de 5 meses na segunda-feira. "Eu já estava indo embora, por volta das 19h30, quando minha filha começou a chorar. Sentei-me no cantinho da escada, acompanhada de minha mãe e de uma irmã, quando um segurança do shopping nos abordou e disse para irmos ao berçário, que ali não poderíamos ficar", explica.
Marina lembra que fazia muito frio naquela noite e, por isso, aguardava por um carro de aplicativo dentro do shopping para ir embora com a família. "Minha mãe tentou argumentar com o segurança. Ele disse que era uma orientação da administração do local, mas que nos abriria uma exceção porque estávamos indo embora".
A LEI Após o constrangimento, a estudante de odontologia avalia se levará o caso à Justiça. Isso porque, em junho de 2016, foi sancionada a Lei Municipal 10.940/2016 para assegurar o aleitamento, prevendo multa ao estabelecimento que impedir ou constranger a lactante. O art. 2 é claro: “Independentemente da existência de áreas específicas ou exclusivas para o aleitamento, a amamentação é ato livre e discricionário entre o filho e a mãe, a qual decidirá o momento e local onde deseja praticá-lo livremente ou sem qualquer restrição e intervenção de terceiros.” Em dezembro, foi a vez de o estado de Minas Gerais regulamentar esse mesmo direito, pela Lei 22.439/2016.
Marina lembra que fazia muito frio naquela noite e, por isso, aguardava por um carro de aplicativo dentro do shopping para ir embora com a família. "Minha mãe tentou argumentar com o segurança. Ele disse que era uma orientação da administração do local, mas que nos abriria uma exceção porque estávamos indo embora".
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"Eu acho triste ainda termos que fazer este tipo de ato A mulher tem o direito de escolher onde e quando vai amamentar, afinal, o corpo e o filho são dela". Gabriele lembra ainda que já havia solicitado ao estabelecimento comercial que fizesse uma retratação pública com relação aos casos anteriores, mas não obteve retorno.
Esse tipo de constrangimento ultrapassa as barreiras de um shopping. “O Brasil é o país onde as mulheres mais são criticadas por amamentar em público no mundo. Nossos seios são vistos pela sociedade apenas com função sexual e não para a amamentação. E é parte de uma cultura machista”, pontuou a jornalista e relações-públicas Ana Regina Caldeira, de 40. Mãe de dois filhos, ela contou que também já foi abordada em outro tipo de estabelecimento: “Uma vez, fui amamentar em um banco e me pediram para cobrir o peito com um pano. Coloquei o pano na minha cabeça para ironizar o pedido.”
O OUTRO LADO Em nota, o Boulevard Shopping informou que é totalmente a favor da amamentação e defende que toda mãe amamente seu filho. Disse ainda que seu posicionamento sempre foi e continua sendo o de deixar as mulheres livres para amamentarem nas dependências do shopping, onde for mais confortável para elas, seja nos corredores, seja nos espaços família disponíveis nos Pisos 2 e 3. Além disso, ressaltou que vai reforçar o treinamento dos seus funcionários e prestadores de serviços para que eles tenham a melhor postura diante de tal fato.