Em meio a ameaça de cortes e até de paralisação do metrô de Belo Horizonte, devido à falta de verba orçamentária para operação do serviço, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) anuncia aumento de mais de 88% na tarifa do transporte. O reajuste, que partir de sexta-feira fará o usuário desembolsar R$ 3,40 contra os atuais R$ 1,80, é o maior na história do metrô (veja quadro). É também o mais alto do transporte público da capital mineira, pelo menos desde 2008. Levantamento feito pelo Estado de Minas com base em dados da CBTU e da BHTrans mostra que a maior diferença no período ocorreu no metrô entre janeiro de 2005 e fevereiro de 2006, com alta de R$ 0,45 (de R$ 1,20 para R$ 1,65, diferença de 37%). O Ministério Público Federal (MPF) já analisa representação do Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindmetro) questionando os novos valores.
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MPF recebe representação que questiona aumento da passagem do metrô de BHReajuste de tarifa do metrô de BH é o maior do paísTarifa do metrô de BH vai para R$ 3,40 a partir desta sexta-feiraTarifa do metrô de BH no valor de R$ 3,40 já está valendo: confira as integraçõesSindicato protesta contra aumento na tarifa do metrô em estação de ContagemGoverno federal aceita escalonar reajuste de 88% do metrô, diz deputadoMinistro admite analisar proposta de aumento gradual de tarifa do metrô em BHAdolescente de 13 anos dá facada em professora dentro da escola em Araxá Terça-feira será com temperaturas amenas em BHGuardas municipais fazem assembleia sobre proposta da PBH na Praça da EstaçãoPolícia impede ataque a banco no Sul de Minas, perto da divisa com São PauloObra provoca mudança em linhas de ônibus no Bairro BuritisLoteamento em região de nascentes em Nova Lima preocupa comitêJá a companhia justificou o aumento dizendo que a tarifa está congelada há 12 anos na capital mineira e que, por isso, a receita do metrô não evoluiu de forma compatível com o aumento dos custos. O sistema que atende hoje a 210 mil pessoas por dia é composto de apenas uma linha, de 28,1 quilômetros, e teve a última estação inaugurada há 16 anos, segundo site da própria CBTU (veja quadro).
O reajuste passa a valer sexta-feira.
“Rigorosamente em todo o país, tarifas de transportes públicos sofrem reajustes baseados, normalmente, em índices inflacionários. Em João Pessoa, Maceió e Natal as tarifas estão congeladas há 15 anos; em Belo Horizonte, há 12 anos e em Recife, há seis. Com isso, a receita obtida pelo serviço de transporte metroferroviário não evoluiu de forma compatível com o aumento de seus custos, sendo necessária aplicação do presente reequilíbrio financeiro”, informou a empresa, via assessoria de imprensa. A nota diz ainda que “seguindo orientação do Ministério do Planejamento, o conselho de administração da companhia aprovou a recuperação parcial das perdas inflacionárias, ficando a nova tarifa em Belo Horizonte em R$ 3,40, em Recife, R$ 3, e em João Pessoa, Natal e Maceió, R$1”.
MOBILIZAÇÃO O presidente do Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais, Romeu José Machado Neto, considera abusivo o reajuste e diz que a entidade vai promover ações para mobilizar os passageiros a reagir contra ele. Ainda segundo Romeu Neto, um reajuste teria justificativa caso houvesse expansão do sistema, acompanhada de investimentos no metrô. Em BH, além de não haver construção de mais linhas, não há nenhum investimento em melhorias, segundo o sindicalista.
O aumento da tarifa do metrô chega em um momento em que o Sindicato dos Metroviários denunciava a possibilidade de interrupção parcial e até total do serviço a partir de junho, por falta de verbas. Na semana passada, o Ministério das Cidades, pasta à qual está subordinada a CBTU, informou que o orçamento aprovado para 2018 pelo Congresso Nacional para as ações que englobam todos os sistemas operados pela companhia foi de R$ 139,7 milhões. “Tal limitação se dá em função da necessidade de adequar as despesas do governo à meta de resultado primário e ao limite de gasto advindo do novo regime fiscal (Emenda Constitucional 95/2016). Face à necessidade de assegurar a prestação do serviço com segurança e confiabilidade ao usuário, estão sendo realizadas tratativas com o Ministério do Planejamento para ampliar o orçamento da ação para cerca de R$ 200 milhões, patamar próximo ao executado em 2017”, informou o ministério, em nota. No ano passado, houve ampliação do limite disponível de custeio da companhia, o que permitiu o empenho pela CBTU de R$ 233 milhões na ação de funcionamento dos sistemas.
Tarifaço deixa passageiros revoltados
Abusivo. A palavra foi praticamente consenso entre usuários do metrô ouvidos ontem, na volta para casa, para definir o reajuste de mais de 88% na tarifa do serviço. “Aumento de 88% é um abuso, fora da realidade econômica de quem depende do transporte”, avaliou o fiscal de supermercado Pedro Henrique Amorim, de 25 anos.
A representante comercial Maria Aparecida Rocha, de 55, disse que diariamente usa o serviço entre o Centro de BH e a Estação Vila Oeste. “Desço na estação e ainda tenho que pegar ônibus para chegar em casa. Não sei se com esse aumento o sistema de integração vai valer a pena. Acho que para aliviar o impacto do aumento, o jeito vai ser usar ônibus direto”, considerou.
O servidor público Igor Freitas, de 25, com a mulher Natália, de 22, e a filhinha do casal, Luíza, de 1 ano e meio, aguardava no começo da noite de ontem uma composição em que pudessem embarcar para Venda Nova. “Quando cheguei a BH vindo de Unaí, descobri no metrô uma boa opção de transporte, que embora não confortável, é rápida e tinha preço acessível. Aumentando esse tanto, vão prejudicar os menos favorecidos economicamente, que dependem desse tipo de transporte de massa”, disse Igor.
O aposentado Jackson Eustáquio, de 67, conta que diariamente sai de Pedro Leopoldo para a capital, e usa o trem metropolitano. “Trabalhei como terceirizado no metrô por sete anos. Nunca vi melhorias para uma tarifa elevada, pois no horário de pico os carros estão sempre lotados e os usuários têm que se espremer. É um reajuste abusivo para um serviço ruim”, justificou.
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