Jornal Estado de Minas

Próxima missão do zoo de BH é encontrar uma nova casa para gorilas


A família mais ilustre o zoológico de Belo Horizonte, na Pampulha, soprou velinha ontem para comemorar o aniversário de 1 ano do gorilinha Ayo (nome de origem nigeriana cuja pronúncia é “Ayô” e significa alegria). O mais novo de três irmãos ganhou de presente biscoito especial e um carinho enorme dos visitantes. Com família crescendo e sendo criada, para os próximos anos, a missão é pensar numa nova casa para os filhotes machos, que dentro de dois a quatro anos devem começar a deixar o lar belo-horizontino.

Ayo faz parte de uma grande família que inclui, ainda, os irmãos Sawidi e Jahari, a mãe Imbi, a tia Lou Lou e o pai Leon. Todos demonstram comportamentos próprios da espécie que, atualmente, consta na lista de animais ameaçados de extinção. O sucesso da manutenção dos gorilas no Zoo de BH é resultado do planejamento das ações técnicas para se formar o primeiro grupo reprodutivo da subespécie africana Gorilla gorilla gorilla da América do Sul e traçar estratégias para ajudar na conservação in situ (na natureza). Passados quase quatro anos desde o nascimento do primeiro filhote (Sawidi), e de Jahari um mês depois, é possível dizer que as metas do Projeto Gorilas vêm sendo cumpridas com muita satisfação pela Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB).

Ontem, foi grande a movimentação em torno deles. Professora do Núcleo Educacional Francisca Campos, Magdália Izidoro, de 25 anos, que estava em excursão com a turma da escola de Contagem, na região metropolitana, ficou sabendo ontem do aniversário. “Já havíamos visitado todo o zoológico e ainda não tínhamos achado o gorila.
Fizemos uma boa caminhada até o recinto, mas valeu a pena, pois conseguimos vê-lo”, disse.

Quem também teve sorte foi o capixaba Breno Amorim, de 12 anos, que passeava em companhia do amigo mineiro Kesley Henrique, de 15, e do pai, o gerente administrativo Silvano Gonçalves, de 40. Eles viram o aniversariante no último momento, quando a família se reunia para deixar a área externa e descansar dentro de casa. Em agosto, Breno visitou o local quando Ayo era apenas um bebezinho. “Ele era do tamanho da minha mão eu acho. É muito legal vê-lo crescendo”, disse. Kesley também ficou impressionado, pois na última vez que tinha ido ao zoológico havia apenas as fêmeas e Leon.
- Foto: Jair Amaral/EM/DA Press - 19/01/2001
O gerente do jardim zoológico, Humberto Mello, ressalta que o primeiro ponto do contrato firmado com duas instituições europeias é a confiança para manutenção do grupo. As fêmeas Lou Lou e Imbi vieram do Reino Unido (do Zoológico Howletts – Fundação Aspinall), o macho Leon (nascido em Israel) veio de Tenerife, na Espanha (do Zoo Loro Parque).
“Isso está sendo feito a contento. Eles recebem sistematicamente relatório de saúde dos animais e estiveram aqui duas ou três vezes para observação”, afirma. “Nossa satisfação é ver a família formada, um grupo saudável. Nossos programas de bem-estar e o cuidado dos tratadores são muito importantes nesse processo”, acrescenta.

A preocupação atual do zoológico de BH e das instituições parceiras é o fato de o grupo ter quatro machos, que não poderão ficar juntos. Os filhotes devem sair quando tiverem entre 6 a 8 anos de idade. “Normalmente, na natureza, os machos saem do grupo”, conta. Provavelmente, segundo Mello, eles sairão para formar outros grupos em outros zoológicos ou na instituição inglesa, que conta com vários grupos.

Os gorilas vivem em grupos constituídos por cinco a 30 indivíduos, entre jovens imaturos, fêmeas e seus filhotes, liderados por um macho adulto dominante. Esse é facilmente reconhecido por apresentar as costas cinza-prateadas, denominado silverback.
A liderança é conseguida graças à sua experiência e suas habilidades em proteger o grupo e não somente por causa de sua força.

Na natureza, esses animais saem do grupo no qual nasceram quando atingem a maturidade sexual. Os machos podem formar grupos de solteiros ou ficar solitários até encontrarem fêmeas para constituir seu próprio grupo. Para as fêmeas, essa migração se dá por volta dos oito anos e, a partir dos 11 anos para os machos.

 

37 anos de solidão

Durante 37 anos, o gorila Idi Amin (foto) foi o único animal de sua espécie em cativeiro na América do Sul. Principal estrela do zoológico de Belo Horizonte até sua morte – em 7 de março de 2012, durante um procedimento para tratamento de saúde –, ele ganhou a companhia de duas fêmeas, Imbi e Kifta,  seis meses antes de falecer, aos 38, numa iniciativa internacional para incentivar a reprodução em cativeiro, que terminou não ocorrendo. Idi Amin pertencia à subespécie Gorilla gorilla gorilla, que vive originalmente em florestas tropicais, principalmente da África Central, em regiões baixas e quentes, próximas a rios e alagados. Chegou ao zoológico de BH com dois anos, em 1975, junto com uma fêmea chamada Dada, que morreu três anos depois vítima de infecção generalizada. Em 1984, ele recebeu nova companheira, Cleópatra, procedente do zoológico de São Paulo, mas a gorila chegou à capital mineira com desidratação e diarreia e morreu duas semanas depois.

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