Arte, artesanato, comidas, produtos e verduras naturais, livres de agrotóxico. Shows, elementos da religiosidade e debates. Cheiros, sabores, cores e muito orgulho para dar o tempero especial à terceira edição do Festival Canjerê, que pode ser conferido até amanhã, na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O evento reúne comunidades quilombolas de várias regiões do estado e tem este ano como tema os 130 anos da abolição da escravatura. A expectativa é conseguir reunir, até o fim do festival, mais de 600 quilombolas de diversas comunidades mineiras, dando visibilidade à cultura tradicional e chamando a atenção para a luta desse povo pelo direito à terra e à vida digna.
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No estande de Juciléia dos Santos Pascoal, de 29, da comunidade de São Félix, no município de Cantagalo, no Vale do Rio Doce, são vendidos produtos da roça. Chips de banana frita, ovos caipira, biscoitos e doces de leite fazem salivar.
CONGADO O congado é outro ponto alto da programação. Ao todo, oito grupos estarão presentes: Ribanceira, de São Romão, e Vila Nova dos Poções, de Janaúba (Norte de Minas); Pinhões, de Santa Luzia, e Quilombo Nossa Senhora do Rosário, de Ribeirão das Neves (na Região Metropolitana de Belo Horizonte); Cruzeiro, Brejo, Vila Santo Isidoro, Misericórdia, Moco dos Pretos, Alto Caititu e Caititu do Meio, de Berilo e Chapada do Norte (Vales do Jequitinhonha e Mucuri); Doutor Campolina, de Jequitibá, e Chacrinha dos Pretos, de Belo Vale (na Região Central); e Comunidade Carrapatos da Tabatinga, de Bom Despacho (Centro-Oeste do estado).
O projeto vem ao encontro das políticas de salvaguarda do patrimônio imaterial e promoção do desenvolvimento agrário em Minas Gerais.
SERVIÇO:
Alameda da Educação, na Praça da Liberdade
Domingo: das 10h às 18h
Entrada gratuita
Informações: www.circuitoliberdade.mg.gov.br
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