No altar colorido, Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Diante dele, música, tambores, dança e a fé inabalável. Antes, o cortejo desfilou pela Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, arrastou quem passeava por lá, entrou na Alameda da Educação para chegar até os santos de devoção e prestar homenagem. O ritual foi seguido pelos grupos de congado de diversas regiões de Minas Gerais participantes do Festival Canjerê, que movimenta um dos locais mais nobres da capital até o fim da tarde deste domingo. Em sua 3ª edição, o evento, que reúne comunidades quilombolas mineiras, tem como tema os 130 anos da abolição escravatura.
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Festival Canjerê reúne cultura quilombola na Praça da LiberdadeQuase 50 mil pessoas foram resgatadas em condições análogas à escravidão desde 2000Passadas 13 décadas do fim da escravidão, população negra não tem direitos garantidosMúsico cria projeto para preservar tradições em comunidade quilombolaOito grupos eram esperados na programação do festival: Ribanceira, de São Romão, e Vila Nova dos Poções, de Janaúba (Norte de Minas); Pinhões, de Santa Luzia, na região metropolitana e Quilombo Nossa Senhora do Rosário, de Ribeirão das Neves (na Região Metropolitana de Belo Horizonte); Cruzeiro, Brejo, Vila Santo Isidoro, Misericórdia, Moco dos Pretos, Alto Caititu e Caititu do Meio, de Berilo e Chapada do Norte (Vales do Jequitinhonha e Mucuri); Dr.
A programação, gratuita, tem feira de artesanato, cortejos de congado, reinado e batuque, apresentações culturais, oficinas e rodas de conversas. Além das 60 barracas com artesanatos, culinária e produtos quilombolas, o Canjerê tem exibições de filmes quilombolas, apresentações culturais, oficinas, rodas de conversas, entre outras atrações nos espaços do Circuito Liberdade.A expositora Graça Matilde, também do quilombo de Indaiá, vendeu almofadas, tapetes, jogos americanos e vários outros artigos de artesanato e da culinária. “É muito bom participar e conhecer outros produtos e comunidades, dar visibilidade ao nosso trabalho”, disse.
Entre o público, o interesse e a admiração foram grandes. A administradora Mariângela Vilckas, de 40 anos, nasceu em Goiás e mora há oito anos em BH. “Lá também tinha muito congado. Esse som me lembra a infância, quando eu escutava os grupos se preparando”, lembra. Nesta manhã, ela e professoras do colégio dos filhos, a Escola Waldorf Miguel Arcanjo, na Pampulha, fizeram uma verdadeira imersão no congado, repetindo a experiência deste sábado, quando também acompanharam a festa do Preto-Velho, na Praça 13 de maio, no Bairro da Graça, na Região Nordeste da capital.
Isso porque o congado será levado para a festa de São João da instituição, este ano.
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