Pelas ruas de Belo Horizonte, um pedido comum: "Vem pra rua, vem maluco!". Os gritos ecoaram pelo Centro da capital na tarde de ontem, durante o 21º desfile da Escola de Samba Liberdade Ainda Que Tam Tam. O evento, que desde 1997 mobiliza usuários do serviço de saúde mental, familiares, amigos e simpatizantes, ocorre pontualmente a cada 18 de maio – Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Somadas ao batuque, as cores das seis alas fizeram uma sexta-feira comum, tornar-se "louca" por alguns momentos. Até no trânsito.
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Para que o cortejo aconteça sempre aos dias 18 de maio, todos os agentes participantes do desfile começam a se reunir meses antes da esperada data. Segundo Soraia Marcos, psicóloga, militante do movimento e integrante do Fórum Mineiro de Saúde Mental, no entanto, os destaques são os usuários. "Eles são os grandes protagonistas desta festa. Eles a ocupam de forma belíssima. Ajudam na construção, tempos antes, e trazem familiares. Brilham e nos ensinam o tempo todo a não recuar diante das dificuldades", avalia Soraia.
Participação
"A luta é de todos nós", complementa a também integrante do fórum Marta Soares, terapeuta ocupacional, coordenadora da Associação Suricato e gerente do Centro de Convivência São Paulo.
Para Dalcira Ferrão, presidente do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG), um dos pontos importantes a serem levantados nessa ocasião é o que se refere aos 30 anos da Carta de Bauru, quando 350 profissionais da saúde assinaram um manifesto reivindicando mudanças na política manicomial. "Temos vivido tempos em que direitos que já foram instituídos estão passando por mudanças. A liberdade é terapêutica", afirma.
Samba
"Vem K, vem K. Vem pra rua, vem maluco. LGBTQ sofre.
Enquanto isso...
Em Belo Horizonte, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde , há três centros de Referência em Saúde Mental - Álcool e outras Drogas (Cersam-AD), nas regionais Pampulha, Barreiro e Nordeste. Além disso, a capital mineira conta com dois centros de Referência em Saúde Mental Infantil (Cersami), nove centros de convivência, quatro equipes de Consultórios de Rua, duas unidades de acolhimento transitório, uma delas voltada para adultos e outra para crianças. A pasta informou também que Belo Horizonte conta com o Centro Mineiro de Toxicomania, que pertence à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
* Estagiário sob supervisão do editor Roney Garcia.