Lutas travadas entre robôs capazes de desferir potentes golpes contra os oponentes. A cena pode parecer descrição de um filme de ficção científica, mas é corriqueira em competições de combate de robôs, cada vez mais populares no Brasil e no mundo. São disputas em que duas ou mais máquinas se enfrentam em um campo de batalha, até restar apenas uma funcionando. Recentemente, a equipe Uai!rrior, da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), conquistou três colocações na competição Internacional Robogames 2018, no fim de abril, na Califórnia, Estados Unidos.
A Robogames é o maior evento mundial de combate entre robôs e ocorre sempre no primeiro semestre, reunindo equipes de todo o mundo em disputas de aproximadamente 50 modalidades. A competição consiste em combates entre robôs de diferentes categorias e peso. Este ano, a Uai!rrior levou seis robôs para participar. O robô General, da categoria Middleweight (54,5kg), foi campeão pelo segundo ano consecutivo, junto com o Federal M.T., da categoria Lighweight (27kg), que conquistou sua primeira medalha de ouro. Além disso, a equipe ficou em terceiro lugar na categoria Beetleweight (1,360kg), com o projeto Ricota.
Os competidores são livres para criar seus projetos. Uns investem em armas perigosas, enquanto outros preferem robôs bons em defesa. Para proteger a plateia, paredes reforçadas e à prova de balas. São três minutos, e o objetivo é nocautear o adversário. Caso não isso não ocorra, os juízes escolhem o vencedor. “É como um UFC robótico”, comenta o estudante de engenharia de controle e automação Gabriel Silveira Teles, integrante da equipe Uai!rrior. Ele ressalta o trabalho contínuo para implementar os projetos. “Não é simplesmente projetá-los aqui e mandá-los para lá. É preciso pensar na manutenção durante o combate”, explica.
O intuito do projeto Uai!rrior é criar máquinas para competições de combate entre robôs, em várias modalidades e com diferentes objetivos. Os robôs são desenvolvidos a partir de projetos totalmente elaborados pelos estudantes e supervisionados pelo professor Tales Pimenta. Eles levam a competição a sério e treinam o ano todo para surpreender os adversários com novas tecnologias. De acordo com Felipe Felicioni, capitão da equipe, também faz parte do trabalho procurar patrocinadores, vender camisetas, entre outras atividades que ajudam a levantar dinheiro para o projeto. “É incrível participar de um evento deste porte e sair de lá vencedor após competir até mesmo com engenheiros formados. Apesar de ser uma competição, há um clima de compartilhamento de conhecimento.
Ao contrário dos robôs que aparecem no cinema, os projetos que entram em competições de combate não são humanoides, ou seja, não são construídos com pernas e braços, semelhante à estrutura humana. Os projetos montados para combate são veículos com rodas operados por controle remoto. O estudante de engenharia de controle e automação Gabriel Silveira Teles, integrante da equipe Uai!rrior, explica que os robôs são feitos com intuito de serem mais destrutivos e resistentes. “Infelizmente, robôs humanoides não seriam tão eficientes”, conta.
Criada em 2001, a Uai!rrior é composta por alunos dos cursos de graduação nas engenharias de controle e automação, mecânica, elétrica, computação e produção, e também dos cursos de administração, física e matemática, todos da Unifei. Segundo o professor Tales Pimenta, coordenador da equipe, participar de uma competição desse porte é um estímulo para os estudantes. “O mais interessante por trás das batalhas é a resolução de problemas, o pensamento lógico e a utilização inteligente de informações sobre os oponentes e a arena envolvida. Os alunos vivenciam problemas reais”, comenta o professor.
Atualmente, a equipe conta com 48 integrantes, divididos em grupos de gestão, visual, eletrônica e mecânica. Para a Robogames, viajaram apenas 10 estudantes. Entre eles, o capitão da equipe, Felipe Felicioni. “Estávamos desde dezembro buscando recursos que viabilizassem a nossa participação. Temos que arcar com os custos de produção e também passagem e hospedagem, por isso, nem todos conseguem ir”, conta. Ele destaca o espírito de cooperação e amizade entre os colegas de equipe, que contribuem para a vitória. “Somos uma família”, afirma.
* Estagiária sob supervisão do editor Roney Garcia