Com uma série de dificuldades, mas disposta a tocar projetos audaciosos nos próximos anos, a Santa Casa BH comemorou ontem 119 anos. Entre os planos, a implantação de uma faculdade de medicina ligada à instituição, com investimento de R$ 30 milhões, e a realocação da Clínica de Olhos, cujo prédio atual dará lugar ao Instituto de Oncologia, centro integrado para tratamentos de câncer em adultos e crianças. A expectativa é de que as modificações sejam concluídas até o fim do ano e, em 2019, o número de sessões mensais de quimioterapia no hospital tripliquem e as de radioterapia mais do que dobrem, comentou o provedor, Saulo Levindo Coelho.
No caso da faculdade de medicina, já há até espaço para a execução do projeto, mas ela ainda depende de autorização do Ministério da Educação. “Encomendamos à Fundação Dom Cabral um plano de negócios, e o estudo concluiu que em três anos já será possível cobrir todos os investimentos. O mais importante e o mais cara está pronto, que é o hospital. Temos uma área do Centro de Especialidades (CEM) com até 9,4 mil metros onde (a escola) cabe direitinho, só faltam as divisórias. Cabem a escola de medicina e outras da área da saúde, que futuramente virão”, disse Coelho.
Para abrir a faculdade de medicina, era preciso ter autorização do Ministério da Educação (MEC) para outros cursos. Já estão aprovados os de administração de empresas, gestão hospitalar e técnico em recursos humanos. No entanto, em abril de 2018, o governo federal suspendeu a criação de novas graduações em medicina pelos próximos cinco anos. Diante disso, a Santa Casa tem feito um trabalho de gestão em Brasília para que o presidente Michel Temer abra uma exceção no decreto para que a regra não se aplique aos hospitais filantrópicos de ensino.
Aberta em 1899, dois anos depois da fundação da capital mineira, a Santa Casa foi o primeiro hospital da cidade. A instituição oferece 36 especialidades médicas e atende 80% dos municípios mineiros. No ano passado, foram feitas 36.574 internações. Para marcar o aniversário, foi celebrada na manhã de ontem uma missa de ação de graças na capela do hospital, que fica no Bairro Santa Efigênia, Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
ATRASOS Presente na solenidade, Saulo Levindo Coelho também falou do atraso nos repasses do governo de Minas à Santa Casa. “O governo do estado tem com a gente vários convênios cujos repasses estão acumulados desde 2016. Há um atraso de R$ 35 milhões”, computou. Segundo ele, a Santa Casa tem lançado mão de empréstimos bancários até mesmo para cobrir os salários de seus 4,9 mil colaboradores, que chegam a R$ 16 milhões. “Mas temos confiança de que as coisas vão melhorar”, disse o provedor do hospital.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde lembrou que a área herdou um déficit de R$ 8 bilhões e que, entre 2016 e 2017, o governo federal reduziu seus repasses em cerca de R$ 473 milhões, mas garantiu “estão em tramitação processos de indenização dos valores pendentes com a Santa Casa com previsão de regularização nos próximos dias. No dia 16, diz a nota, câmara de concialiação no Ministério Público de Minas Gerais, com a participação da SES, advogacia-geral do estado e Federasantas, ficou estabelecido prazo de 180 para a regularização da situação contratual dos prestadores.
Durante a cerimônia, o empresário e fundador da Casa de Acolhida Padre Eustáquio (Cape), José Marcílio Nunes Filho, e o deputado federal José Saraiva Felipe (PMDB) receberam a Medalha Doutor Aloysio de Faria. A outorga reconhece o trabalho de pessoas, instituições e empresas que prestam relevantes serviços à sociedade no campo assistencial em todo o país. A medalha leva o nome do médico, banqueiro e empresário Aloysio de Faria, cujas contribuições custearam equipamentos hospitalares na Santa Casa BH e obras em outras instituições de saúde da capital.
Também presente na celebração, o vice-prefeito de Belo Horizonte, Paulo Lamac (Rede), falou da importância da Santa Casa para a capital. “É uma instituição referência na saúde de Belo Horizonte, no estado de Minas, um espaço em que as pessoas sabem que, além da disponibilidade histórica da Santa Casa, é também um espaço de referência na qualidade do atendimento à saúde”, disse Lamac.
RAIO-X
Números de atendimento da Santa Casa BH em 2017
A Santa Casa BH realizou 36.574 internações
23.448 Cirurgias Gerais;
16.710 tratamentos de glaucoma;
791 cirurgias do sistema nervoso;
2.655 cirurgias do aparelho respiratório;
313 cirurgias de mama;
2.654 tratamentos cardiovasculares;
985 cirurgias cardiovasculares – adulto;
259 cirurgias cardiovasculares pediátricas (até 17 anos);
872 cirurgias do aparelho de visão;
2.066 cirurgias de catarata;
925 tratamentos dialíticos;
3.574 partos (normal e cesária);
1.234 partos de alto risco;
258 transplantes de órgãos e tecidos;
4.079 tratamentos oncológicos;
1.963 cirurgias oncológicas – adulto;
31 cirurgias oncológicas pediátricas;
22.264 sessões de quimioterapia;
1.206 sessões de quimioterapia pediátrica;
51.228 sessões de radioterapia;
2.878 sessões de radioterapia pediátricas;
Fonte: Santa Casa