Belo-horizontinos que dependem do transporte público começam hoje a sentir diretamente os efeitos reflexo das manifestações dos caminhoneiros. Na manhã desta quinta-feira, o quadro de horários das viagens de ônibus da capital mineira já foi reduzido pela metade fora dos horários de pico, devido à escassez de combustível. O atraso para embarcar nos ônibus já é realidade e dividiu opiniões de passageiros.
A balconista Débora Campos, de 35 anos, esperava o coletivo em um ponto cheio na área hospitalar, na Região Centro-Sul de BH. "Está demorando muito. Hoje eu vim para cá para agendar uma consulta para minha mãe e fui pega de surpresa pelo atraso. Além da demora, o trânsito está muito complicado", contou. Ela, que se posicionou contra a greve, afirma que a paralisação está prejudicando muitas pessoas: "Para quem mora longe, torna-se quase impossível. Sem o transporte não conseguimos ganhar o pão de cada dia."
O DJ Pedro Enrique Guimarães, de 24, já esperava o coletivo 9103 (Santa Tereza/ Santo Antônio) havia pelo menos 45 minutos. Mas, concorda com a greve e não se estressou com a demora. "Eu pego ônibus todos os dias para trabalhar. Normalmente, ele demora 30 minutos, porém, hoje, já fez 50 minutos que estou esperando", contou.
Mas, ele concorda com a paralisação: "Infelizmente, prejudica, mas, só assim que as pessoas dão atenção para os problemas. Do jeito que está não pode continuar. Por uma causa nobre, não me importo de esperar um pouco mais para pegar o ônibus", completou.
Tanto o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) quanto a BHTrans confirmam que a prioridade de circulação dos ônibus é para os horários de maior movimento: início da manhã e fim da tarde. E a situação pode se tornar crítica a partir do fim de semana, caso os protestos dos transportadores de carga se mantenham.
O Setra-BH não divulga a estimativa de estoque, mas extraoficialmente representantes de empresas do ramo sustentam que a maioria tem combustível disponível para no máximo dois dias.
A aposentada, Maria do Carmo de Paula, de 79, também reclamou por atrasar um dos seus compromissos por conta da redução e se preocupa com a possível continuação da paralisação. "Eu dependo do transporte público e, assim fica difícil. Quem paga o pato somos nós", disse.
Veja como fica o quadro de horários dos coletivos em BH a partir de hoje
Da 0h às 9h
Quadro normal
Das 9h às 16h
Redução de 50% no número de viagens
Das 16h às 20h
Quadro normal
Das 20h às 24h
Redução de 50% do número de viagens
Fonte: BHTrans
Números de veículos
2.862ônibus que circularam em Belo Horizonte
693.065
viagens são feitas no mês
13.485.335
quilômetros percorridos no mês
200 mil
litros de diesel utilizados por dia
1,4 milhão
de pessoas, entre moradores e visitantes, usam o serviço por dia útil
32.975.632
usuários por mês (um passageiro, se faz quatro viagens por dia, corresponde a quatro usuários)
Fonte: SetraBH
A PARALISAÇÃO
Trata-se de consequência direta do quarto dia consecutivo de protestos dos caminhoneiros nas principais estradas dos país, com bloqueio de transporte de produtos e combustíveis. Os manifestantes reivindicam a redução da carga tributária sobre o diesel e que seja zerada a alíquota de PIS/Pasep e Cofins e da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Segundo a categoria, os impostos representam quase a metade do valor do diesel na refinaria.