Milhares de estudantes da rede pública de ensino ficarão sem aula hoje por causa da paralisação dos caminhoneiros e da falta de combustíveis nos postos das cidades mineiras. Devido ao ponto facultativo decretado pelo governo do estado e pela Prefeitura de Belo Horizonte (leia nesta página), as instituições de ensino ficarão fechadas. A paralisação vai atingir também as universidades federais. Ao menos três ficarão sem atividades até a próxima semana. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) anunciou mudanças no cardápio dos restaurantes universitários devido ao desabastecimento de gêneros alimentícios.
Nas escolas particulares, as aulas devem ocorrer normalmente. A presidente do sindicato que representa as instituições de ensino, Zuleica Reis Ávila, disse que a associação não recebeu nenhuma solicitação das instituições de ensino para paralisação das atividades e que as aulas serão realizadas normalmente. “Até o momento não tivemos nenhuma notificação, então, as escolas seguem as atividades sem alteração”, disse, no início da noite de ontem. Mas a tendência é de que haja problemas para chegar às escolas, devido à falta de combustível, que já afeta também o transporte escolar.
Ao menos três universidades federais suspenderam as atividades até segunda-feira. Uma delas é a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Por meio de nota, a instituição afirma que, devido aos bloqueios, a distribuição de combustível foi afetada e cria “um ambiente de insegurança”. Por isso, suspendeu as aulas de ontem e hoje no Campus Alto Paraopeba (CAP), em Ouro Branco, na Região Central do Estado, e em todos os câmpus de São João del-Rei, no Campos das Vertentes.
“Continuaremos atentos à situação e tomaremos novas medidas, caso sejam necessárias, para assegurar os direitos de participação nas atividades acadêmicas dos estudantes que estão impedidos de comparecer aos referidos câmpus. As medidas foram tomadas de acordo com as questões regionais que afetam cada câmpus da instituição”, informou.
A Universidade Federal de Lavras (Ufla), no Sul de Minas Gerais, suspendeu as aulas até segunda-feira. Ontem, as atividades dos cursos de graduação e pós-graduação já foram suspensas. Em nota, a Ufla diz que a decisão “visa preservar toda a comunidade acadêmica. Outra a suspender as aulas foi a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A paralisação ocorre, até segunda-feira, no câmpus de Juiz de Fora e no Colégio de Aplicação João XXIII.
ALIMENTAÇÃO A falta de insumos também leva instituições de ensino a mudar a estratégia na alimentação. É o caso da UFJF. Desde ontem, estão sendo oferecidos, no almoço e jantar, temporariamente, a opção de dois pães com presunto e mussarela, bufê de salada, proteína de soja, e um alimento oleaginoso, além das opções de suco e fruta. “A medida de readaptação do cardápio foi sugerida pela coordenação do restaurante universitário à Administração Superior, que a acatou, com o objetivo de não interromper o funcionamento dos restaurantes. A UFJF reitera que estão sendo feitos esforços para a normalização do abastecimento de gás o mais breve possível, e o cardápio oferecido volte a ser o habitual”, informou a universidade. Mesmo com a paralisação na instituição, o restaurante continuará aberto.
Mudanças no cardápio também serão feitas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A instituição não divulgou quais seriam as alterações, mas alertou os alunos que o menu pode ser mudado já que alguns itens alimentícios já faltam na dispensa. “Em razão da paralisação dos caminhoneiros, e para continuar a atender plenamente a comunidade da UFMG, os restaurantes universitários poderão fazer alterações nos cardápios sem aviso-prévio, nos próximos dias. A Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), que gere os restaurantes, já registra desabastecimento de alguns itens alimentícios”, disse, por meio de nota. E acrescenta que assim que o abastecimento voltar ao normal a situação será regularizada em até dois dias úteis.
Confira como ficam os serviços públicos na capital mineira
SAÚDE
Funcionam normalmente:
» Unidades de Urgência do Hospital Metropolitano Odilon Behrens (HOB)
» Unidades de Pronto-Atendimento (UPA’s)
» Central de Internações
» SAMU (192)
» Centros de Referência em Saúde Mental (Cersams).
» Serviço de Urgência Psiquiátrica (SUP).
Parcialmente
» Os outros equipamentos da Rede SUS-BH terão funcionamento com escala de 50% dos profissionais
EDUCAÇÃO
» A Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte informa que, hoje, será ponto facultativo em todas as unidades da Rede Municipal de Educação e não haverá aulas nas escolas e Umeis.
PARQUES E ZOOLÓGICO
» Parques das Mangabeiras, do Mirante das Mangabeiras e da Serra do Curral. – Fechados temporariamente
» Parque Municipal Renné Giannetti. – Aberto de sexta a domingo, das 6h às 18h.
» Outros parques administrados pela Fundação de Parques Municipais. Abertos de sexta a domingo, das 7h às 18h.
» Jardim Zoológico, Jardim Botânico e Aquário da Bacia do Rio São Francisco. Abertos de sexta a domingo, das 8h às 17h (com entrada permitida até as 16h). Necessário apresentar cartão de vacinação comprovando imunização contra febre amarela, com vacina aplicada há pelo menos 10 dias e documento de identidade original
» Parque Ecológico da Pampulha - Aberto de sexta a domingo das 8h30 as 17h30
EQUIPAMENTOS CULTURAIS
» Casa do Baile, Museu Histórico Abílio Barreto, Museu de Arte da Pampulha, Casa Kubitschek, Museu da Moda, Museu da Imagem e do Som e MIS Cine Santa Tereza ficam fechados hoje
» Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte - Fechado de hoje a domingo
» Teatro Francisco Nunes, Teatro Marília e Espaço Cênico Yoshifumi Yagi/Teatro Raul Belém Machado abrem normalmente
BH RESOLVE
» Fechado hoje. Não há expediente aos sábados e domingos.
DEFESA CIVIL
» Funcionamento normal, todos os dias, 24 horas por dia, inclusive aos domingos e feriados. Os telefones de contato são: 199 e o 3277-8864.
Saúde afetada e planos de ação
Serviços essenciais para a população, como a saúde, já começam a ser afetados com a paralisação das estradas e pela falta e combustível. Cidades mineiras estão cancelando cirurgias e restringindo o transporte de pacientes, que ocorre somente em casos graves. Outros municípios estão criando planos de ações para manter os veículos como, ambulâncias e viaturas, em plano funcionamento. A Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) informou que não foi registrada nenhuma falta de medicamentos e insumos na rede estadual. Mesmo assim, ressalta que os remédios estão tendo que ser transportados pela frota estadual, pois os Correios estão paralisados.
Moradores de Coronel Fabriciano, no Vale do Rio Doce, já estão sentido os efeitos na área da saúde. A prefeitura informou, por meio de nota, que suspendeu a segunda etapa de cirurgias de cataratas, pois os medicamentos necessários não chegariam a tempo na cidade. Uma nova data será agendada. Mudanças também foram feitas no transporte de pacientes, que “está funcionando de forma restrita e pode parar a qualquer momento por falta de combustível”, informou a administração municipal.
Outras cidades estão tendo que tomar medidas extremas para evitar que os serviços essenciais não fiquem prejudicados. É o caso de Belo Horizonte, que criou um grupo de trabalho para executar ações que visam assegurar o abastecimento de ambulâncias, viaturas da Guarda Municipal, Defesa Civil e Limpeza Urbana. “Com o apoio da Polícia Militar e diálogo com os envolvidos nos bloqueios, a PBH não medirá esforços para garantir a escolta de combustíveis e insumos hospitalares até os pontos de abastecimento com o objetivo de manter os serviços essenciais à população”, informou a prefeitura por meio de nota.
O mesmo acontece em Uberaba, no Triângulo Mineiro. A prefeitura conseguiu a liberação de combustível com uma empresa do ramo para atender emergencialmente os serviços. A liberação será para ambulâncias, veículos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e viaturas da Guarda Municipal. Para isso, as carretas-tanque serão escoltados por órgãos de segurança. A administração municipal ressaltou que o estoque atual é suficiente para apenas 24 horas.
A SES/MG informou que nenhum serviço foi afetado, inclusive o abastecimento de medicamentos às cidades do interior do estado. Com a paralisação dos Correios, o serviço está sendo prestado pela pasta com a própria frota. “Quanto às ambulâncias, elas continuam circulando normalmente. Também não foi identificado nenhum problema em relação à distribuição de vacinas”, disse.
Um gabinete de crise foi criado pelo Governo de Minas para avaliar e solucionar situações decorrentes da greve dos caminhoneiros. “Todos os possíveis impactos e efeitos da greve serão diariamente levados ao Gabinete, a fim de encontrar soluções que minimizem e evitem os prejuízos para a saúde pública de Minas Gerais”, finalizou a SES.
Serviço garantido
Um serviço que não vai parar em função da greve dos caminhoneiros é o hemocentro de Minas Gerais. A Fundação Hemominas informou, por meio de nota, que, “em função do estoque crítico da rede, decidiu manter, nesta sexta-feira (hoje), os serviços de atendimento ao doador e aos pacientes das Unidades Regionais, especialmente aqueles agendados”.
SLU reduz coleta de lixo na capital
O ponto facultativo decretado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) vai paralisar outros serviços além das escolas municipais. As principais mudanças vão ocorrer na área da saúde e da limpeza urbana. As unidades de pronto-atendimento, Hospital Odilon Behrens, Centro de Referência em Saúde Mental (Cersam’s), Serviço de Urgência Psiquiátricas (SUP) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) vão funcionar normalmente. Porém, outros equipamentos da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) na capital mineira vão adotar escala de 50% dos profissionais.
Os serviços de coleta de lixo em Belo Horizonte também serão afetados. De acordo com a Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte (SLU), hoje não haverá coleta nas regionais Sul, Barreiro, Oeste, Norte, Pampulha e Venda Nova. Amanhã, nenhuma regional terá o lixo recolhido, assim como no domingo, que é o dia em que o serviço é paralisado semanalmente.
A previsão é que, na segunda-feira, a coleta funcione somente na área interna da Avenida do Contorno, na Região Central da cidade. A SLU considerou que as mudanças são “urgentes” e “necessárias” por causa da falta de combustível.
Os serviços de segurança da Guarda Municipal e da Defesa Civil Municipal vão continuar normalmente. Já os atendimentos no BH Resolve estão suspensos.
O governo do estado também decretou ponto facultativo, sem detalhar, entretanto, se haverá serviços funcionando em escala mínima. O certo é que as escolas fecham. (JHV)