Serviços essenciais, como o abastecimento de água e a coleta de lixo, estão ameaçados ou já deixam de ser prestados em várias regiões de Minas diante da greve dos caminhoneiros e dos protestos ligados a ela. Ontem a Copasa emitiu nota alertando para o risco de corte no abastecimento em cidades atendidas pela estatal caso persista o quadro atual. Segundo a concessionária, o abastecimento ainda não sofreu alteração e as estações de tratamento de água estão operando normalmente, mas “a situação é de alerta” devido aos produtos químicos necessários ao tratamento, cuja entrega está atrasada.
No caso da coleta de lixo, o serviço já é afetado. Em Belo Horizonte, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) informa que não haverá coleta em nenhuma regional da capital mineira, e pede aos moradores que não coloquem resíduos na rua. O objetivo é economizar combustível dos veículos usados para recolher resíduos.
Ontem, apesar da redução no serviço, a coleta contemplou as regiões Norte, Pampulha e Venda Nova, além das áreas que estavam previstas no Centro, Leste, Nordeste e Noroeste da capital. As regiões Sul, Barreiro e Oeste, portanto, ficaram sem ter os resíduos recolhidos, informou a SLU. “A SLU reforça a necessidade de a população das áreas sem coleta de lixo manter guardados os resíduos, devidamente acondicionados em local seguro, até que a situação se normalize”, informou.
A situação se repete em outras cidades mineiras. A Prefeitura de Montes Claros, cidade de 400 mil habitantes, a quinta maior do estado, anunciou que suspenderá a coleta na segunda-feira, “por tempo indeterminado”. Também foi anunciada a interrupção temporária das aulas e do atendimento de saúde na zona rural.
Em comunicado divulgado na tarde de ontem, a prefeitura informa que será “forçada a suspender a coleta de lixo por tempo indeterminado por falta de combustível”. O lixo recolhido na cidade é levado para um aterro sanitário, localizado na comunidade de Mimoso, a 15 quilômetros da área urbana.
A administração municipal informou que, também devido à falta de combustíveis, a partir de segunda-feira as aulas serão suspensas nas escolas municipais da zona rural, onde também serão interrompidos temporariamente serviços de saúde como o atendimento do Programa de Saúde da Família e do Tratamento Fora do Domicílio (TFD).
A suspensão dos serviços públicos devido a greve dos caminhoneiros ocorre em outros municípios do Norte de Minas. Em comunicado, a Prefeitura de Porteirinha, de 38 mil habitantes, informou que decidiu paralisar as aulas em todas as unidades da rede municipal a partir de segunda-feira. O retorno das atividades está previsto para sexta-feira (1º de junho) “ou até que o estoque de combustível volte à normalidade”.
Já a Prefeitura de Brasília de Minas, cidade de 31,2 mil habitantes, informou que, devido à falta de combustíveis, suspendeu o transporte de passageiros para tratamento de saúde em Montes Claros e em outras cidades desde ontem. Por meio de nota, a prefeitura garante que o transporte será retomado “assim que os postos voltarem a receber o fornecimento de combustível normalmente”.
Serviços afetados
Saúde
» Consultas são desmarcadas por problemas em transporte de passageiros. Atraso na entrega de insumos ameaça tratamentos como oxigênioterapia e hemodiálise
Educação
» Universidades anunciam paralisação das aulas ou suspensão de atividades avaliativas. Prefeituras do interior suspendem aulas em escolas municipais, devido a dificuldades no transporte escolar
Abastecimento de água
» A Copasa informa que estações de tratamento operam normalmente, mas atraso no fornecimento de químicos pode comprometer fornecimento de água
Lixo
» Em Belo Horizonte, a coleta está suspensa hoje. Municípios do interior, como Montes Claros, interrompem o serviço na segunda-feira
Transporte
» Ônibus de BH rodam hoje com quadro de horários de domingo. Vans do transporte escolar ameaçam parar na segunda. Táxis e motoristas de aplicativos sofrem com falta de combustíveis