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Estado de Minas

Procura por combustível transforma Belo Horizonte na cidade das filas

Motoristas enfrentam filas quilométricas e horas de espera na expectativa de abastecer na Grande BH. Situação deve se repetir hoje, embora a PM aposte em início da normalização


postado em 30/05/2018 06:00 / atualizado em 30/05/2018 09:04

Nas telas da Central de Operações da Prefeitura de BH, agentes monitoram as filas que se espalham pelo entorno de postos em todas as regiões da capital(foto: Túlio Santos/Em/DA Press)
Nas telas da Central de Operações da Prefeitura de BH, agentes monitoram as filas que se espalham pelo entorno de postos em todas as regiões da capital (foto: Túlio Santos/Em/DA Press)

“É fila para todo lado, não sabemos qual é o destino da gasolina e nem se vai dar para abastecer. Muita gente acaba ficando sem, o que torna essa situação muito complicada.” O desabafo do pesquisador Wilton Tadeu Cardoso, de 56 anos, resume a situação enfrentada por milhares de pessoas em Belo Horizonte nos últimos dois dias, desde que a Polícia Militar começou a requisitar e escoltar caminhões de combustível para retomar o abastecimento de postos na capital e região metropolitana. A ação foi a senha para que rapidamente a cidade fosse tomada por filas em todas as regiões, quadro que se repete em vários pontos da Grande BH. Seja em volta dos postos com chegada de combustível anunciada ou até em locais que não receberam nenhuma gota, motoristas enfrentam longos períodos de espera.

Se os decretos de ponto facultativo no estado e na prefeitura – além do cancelamento das aulas nas redes pública estadual e municipal e em várias escolas particulares – diminuíram o movimento nas ruas de Belo Horizonte, as filas no entorno dos postos criaram grandes pontos de concentração e espalharam a incerteza pela cidade. Ontem, a PM informou que ampliou escoltas além dos 50 estabelecimentos que receberam combustível inicialmente, mas os nomes e números não serão mais divulgados, em uma aposta na normalização dos serviços.

No caso do pesquisador Wilton Tadeu, a falta de gasolina custou três dias de trabalho. Com o anúncio da chegada de gasolina a um posto da Avenida Cristiano Machado, no Bairro da Graça, Nordeste de BH, ele decidiu levar sua moto ao local. Já o carro vai continuar parado. “Eu só trabalho viajando e colocar R$ 100 não adianta muita coisa, já que não conseguiria ir muito longe”, disse. “Espero tirar da moto para o carro e depois conseguir chegar até o posto para completar quando for possível”, planejava.

Fila em posto de combustível da Avenida Cristiano Machado entrava pelas ruas do Bairro da Graça(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Fila em posto de combustível da Avenida Cristiano Machado entrava pelas ruas do Bairro da Graça (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)

(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)


A situação que Wilton observou no caminho foi de filas espalhadas pelo Bairro da Graça. E  bastava ter combustível suficiente para rodar um pouco por outras ruas da capital para encontrar aglomerações de carros em várias regiões. A situação chamou a atenção da BHTrans para quatro endereços prioritários, em torno  de quatro postos: esquina das avenidas do Contorno e Barbacena (Barro Preto, Região Centro-Sul), das ruas da Bahia e Tupinambás (Hipercentro), e dois locais na Cristiano Machado, um no Dona Clara (Região da Pampulha) e outro no Floramar (Norte de BH).

No posto do Dona Clara, próximo à esquina da Cristiano Machado com a Avenida Sebastião de Brito, a fila entrou para as vias internas do bairro e deixou motoristas esperando por horas. Teve caso até de condutor que ficou sem gasolina no meio da fila e teve que terminar o percurso empurrando o veículo. Foi o que ocorreu com o servidor público Victor Nascimento de Paula Ramos, de 40 anos, que já estava na rua havia mais de 15 horas quando o combustível zerou.

Ele já havia tentado combustível em outro posto, sem sucesso, e foi direto tentar a opção da Cristiano Machado, no Dona Clara. “É uma situação de apreensão e incerteza, porque os boatos circulam muito rápido, e a gente não sabe o que é verdade. Se as informações fossem mais certas, pelo menos amenizaria nosso sofrimento. São essas situações que geram reações em cadeia na população”, disse. O motorista Edmundo Sena encarou quase quatro horas de fila para conseguir abastecer no mesmo posto. “Consegui 30 litros e tenho que fazer malabarismo para atender à demanda de trabalho, já que sou condutor de aplicativo, e também da família”, afirma.

Muitos motoristas, como Victor Ramos, tiveram que percorrer o longo caminho até as bombas empurrando o carro com tanque vazio (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Muitos motoristas, como Victor Ramos, tiveram que percorrer o longo caminho até as bombas empurrando o carro com tanque vazio (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)


Segundo o superintendente de Operações da BHTrans, Fernando Pessoa, apesar das filas generalizadas, na maioria dos casos os consumidores conseguiram se organizar em relação ao fluxo de trânsito, principalmente para evitar fechamentos de cruzamentos e de garagens. “Chegamos a atuar em um caso de obstrução do transporte coletivo nas imediações da Estação São Gabriel do Move, que foi o mais significativo. A orientação para as pessoas é que elas evitem de fazer fila onde não houver previsão de chegar combustível”, afirmou.

Porém, essa informação não será mais divulgada da forma como ocorreu na segunda-feira. De acordo com o major Flávio Santiago, chefe da Sala de Imprensa da Polícia Militar, não haverá mais divulgação de nomes de postos que vão receber combustível com escoltas. Mas, segundo ele, a quantidade de pontos de venda abastecidos deve aumentar. “Nós fizemos uma divulgação prévia, até para evitar que outros postos fossem buscados pelas pessoas”, afirmou o militar. Ele acredita que, de agora em diante, as relações normais de consumo tendem a prevalecer.

Em nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) informou que os postos foram escolhidos por questões estratégicas de localização, para que fosse atendido o maior número possível de pessoas, e que a decisão coube ao gabinete gestor da crise criado no âmbito do governo de Minas. “Não é responsabilidade do Minaspetro elaborar essa listagem”, informou a entidade. O valor máximo de R$ 100 por veículo foi definido também levando em consideração uma quantidade maior de motoristas a serem atendidos.

 

Um jeitinho para o galão

 

Apesar de decisão proibindo a venda de etanol, diesel ou gasolina em galões, tomada pelo gabinete montado pelo governo de Minas para gerir a crise dos combustíveis, equipes do EM flagraram esse comércio acontecendo normalmente em postos como o da Avenida Cristiano Machado, no Bairro Dona Clara, ontem pela manhã. Quando a venda foi anunciada, 100 senhas foram distribuídas, mas uma fila bem maior de pessoas com expectativa de conseguir qualquer quantidade se formou atrás dos que foram contemplados com os números. Segundo a Polícia Militar, “com a compreensão da PMMG de contemplar pessoas que já estavam nas filas, os donos de postos e frentistas distribuíram senhas e as pessoas que estavam com galão foram atendidas, mas desta terça-feira (ontem) em diante, e após novas remessas de combustível, os galões não poderão ser usados, por questão de segurança e para evitar tumulto nos postos”, informou a PM, lembrando que a estocagem de combustível é crime.

Ver galeria . 15 Fotos Fila de posto de combustíveis na Avenida Cristiano Machado nesta terça-feiraJair Amaral/EM/DA Press
Fila de posto de combustíveis na Avenida Cristiano Machado nesta terça-feira (foto: Jair Amaral/EM/DA Press )


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