“Fiquei oito dias parado e, desde a terça-feira, quando os combustíveis começaram a reaparecer nos postos, consegui abastecer três vezes para trabalhar. Agora, que as filas estão demorando menos, algo em torno de meia hora, já estou começando a correr atrás do prejuízo, senão o jacaré abraça a gente.” As palavras do taxista Natanael Pereira Santos, de 71 anos, que chegou a esperar quatro horas e meia em uma fila para garantir seu sustento transportando passageiros em Belo Horizonte, ilustram a situação de muitos profissionais e empresários que tiveram suas atividades paralisadas com o movimento dos caminhoneiros. Agora, além de esperar em filas para abastecer, todos aguardam ansiosamente que a situação volte à normalidade.
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Dentro do mesmo caminhão estava o supervisor de logística Darlan Max Lopes, de 29, que tinha a missão de colocar a frota na estrada novamente, para entregar produtos aos clientes que ficaram sem receber suas mercadorias. “Tem gente do interior inteiro esperando pelas cargas que não pudemos transportar.
Na Grande BH, ao longo da Via Expressa, onde há uma grande quantidade de postos entre a capital, Contagem e Betim, a situação de estabelecimentos e consumidores era diferente. Os preços parecem estar sendo controlados entre os pontos de venda, com a gasolina girando em torno de R$ 4,79 e R$ 4,89 – ainda assim acima do que era praticado antes da paralisação: entre R$ 4,39 e R$ 4,29 nas mesmas bombas. Em Belo Horizonte, no mesmo corredor de tráfego, mas entre os bairros Carlos Prates e Barro Preto, dois postos tinham filas de veículos esperando para encher os tanques, tão compridas que invadiam ruas das áreas residenciais.
No vizinho Padre Eustáquio, um dos postos que mais tinham aumentado os preços amanheceu sem combustível e sem aglomeração de consumidores. Outros três, à frente, conseguiram os produtos. Dois deles registravam filas na Via Expressa e outro apenas nas ruas do bairro.
Embora a informação oficial seja de que caminhões-tanque já circulam pela Grande BH sem escolta policial, postos nas avenidas Nossa Senhora do Carmo e Afonso Pena, Região Centro-Sul da capital, também amanheceram com filas longas. Ontem, o major Flávio Santiago, chefe da Sala de Imprensa da Polícia Militar de Minas Gerais, disse que o abastecimento está garantido hoje e no fim de semana. “A informação que temos do gabinete de crise (montado pelo governo do estado) é de que o abastecimento continua, mesmo no feriado, e, inclusive, no fim de semana que se segue, em esforço para regularizar a situação”, disse o militar.
“A Polícia Militar continua fazendo algumas escoltas. A tendência agora é de desmobilização desse processo. Continuará também fazendo a segurança nos postos de combustível, exatamente para fazer com que haja a garantia da ordem e da tranquilidade, assim como vem fazendo desde quando tivemos o ápice desse processo”, concluiu. Ontem o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) desmentiu informações contidas em áudios que circulam em grupos de trocas de mensagem por celular, segundo os quais os estoques nos postos tendem a cair novamente, devido à suposta retenção de caminhões de álcool em rodovias de São Paulo. (Com Gabriel Ronan e Luiz Ribeiro)
Morte, armas e prisões em Minas
De acordo com o gabinete de crise montado pelo governo de Minas, houve uma morte e outras ocorrências de destaque durante o movimento dos caminhoneiros no estado. Na primeira, dia 24, uma pessoa morreu atropelada durante os protestos, em Conceição do Mato Dentro, na Região Central. Dois dias depois, foram apreendidos 700 litros de combustível armazenado e comercializado ilegalmente em Paracatu, no Noroeste do estado, com duas prisões.
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