Jornal Estado de Minas

Crise de abastecimento faz trânsito de bicicletas crescer 76,5% em BH


A crise do desabastecimento de combustíveis levou muitos motoristas a aceitarem o desafio de se equilibrar sobre duas rodas e pedalar com tudo, principalmente, no período de uma semana entre o dia 24 e 30 passados.

No período, devido à paralisação dos caminhoneiros, iniciada em 21 de maio, postos fecharam sem uma gota de gasolina ou etanol e, nos que ainda tinham estoque ou conseguiram receber novos volumes dos produtos, as gigantescas filas eram desanimadoras. Enquanto isso, nos 83 quilômetros de ciclovias, o aumento foi de bicicletas, com condutores que aderiram ao meio de transporte.

Para se ter uma ideia, na referida semana entre 24 e 30 do mês passado, na ciclovia da Avenida Bernardo Monteiro, no Bairro Funcionários, na Centro-Sul de Belo Horizonte, única com contador de tráfego de bike, foi registrado a passagem de 3.238 ciclistas.

A média das três semanas anteriores foi de 1.834 bicicletas, o que aponta um aumento de 76,5% de pessoas pedalando na ciclovia, segundo dados da Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte – BH em Ciclo.

A dentista Lorenza Carvalhais, de 41 anos, que há dois anos pedalava esporadicamente nos fins de semana, e por lazer, conta que deixou seu Honda HRV na garagem e aderiu à bicicleta como meio de transporte.

Cristiano Scarpelli Pacheco acha que é hora para ampliar as ciclovias - Foto: Túlio Santos/EM/D.A Press “Cheguei a tirar o carro da garagem e fui atrás para abastecer. Mas as filas eram enormes e me inspirei no meu marido, que há quatro anos vai para o trabalho pedalando. Moro no Funcionários e meu consultório é no Santa Efigênia. Na volta é um tanto mais pesado, pois tem um trecho de subida na Afonso Pena, mas estou começando a gostar da ideia de usar a bike como meu meio de transporte”, assinalou Lorenza.

Média Superada

O servidor público Cristiano Scarpelli Pacheco, de 38, é um dos associados da BH em Ciclo, e se surpreendeu com os últimos números registrados na ciclovia.

“Desde a instalação do contador na ciclovia, temos constatado um aumento anual de 20% do movimento de ciclistas.

Mas nesses dias de desabastecimento de combustível, as médias diárias de circulação na foram superadas em até mais de 150%. É cedo para falar em adoção em massa desse meio de transporte, mas países europeus, em que bicicletas representam o veículo de locomoção de até 50% da população, teve uma mudança de comportamento com a crise do petróleo na década de 1970”, destacou Pacheco.

Os números da associação apontam que, no último dia 27, passaram pela ciclovia 615 ciclistas. A média era de 237 bikes, o que representa aumento de 159%. Outro dia de pico, foi a terça-feira (29), que da média de 273, saltou para 587 passagens no local, aumento de 115%.

“Acho que o momento é oportuno para se repensar a importância de estimular o uso desse meio de transporte, principalmente, em relação às políticas urbanas para ampliar números de ciclovias”, sugere Cristiano.

A explosão do uso de bicicletas na ciclovia, levou o mês de maio a fechar com 9.938 passagens de ciclistas pelo contador, número recorde. Esse montante, representa quase um quarto do total de 40.352 bikes que passaram pelo local até as 17h30 de ontem.

Para se ter uma ideia, quase a metade do total de registros do contador de 2017, 87.139, já somou em cinco meses deste ano.

Uma boa notícia, para quem defende alternativa de um transporte limpo, que não polui no ar.

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