Papagaios – As hélices do helicóptero da Polícia Militar (PM) ainda giravam quando a porta da aeronave se abriu e uma salva de palmas recepcionou a pequena Maria Vitória e sua mãe, Sirley Valentin. A emoção de estarem livres após 20 horas sob o poder de sequestradores, que queriam roubar o banco onde o pai da garota trabalhava, fez com que os abraços nos parentes fossem mais fortes e longos. Um sentimento de alívio que comoveu os policiais e os habitantes do pacato município de Papagaios, na Região Central de Minas Gerais.
Sob a ameaça dos homens, que estavam armados com revólveres e pistolas, o tesoureiro foi instruído a levar os ladrões até a agência do Sincoob. Para manter o controle sobre o gerente, os bandidos prenderam a sua cintura um dispositivo coberto de fita isolante e fios elétricos ligado a um celular e que foi tratado como sendo uma bomba.
Na manhã de ontem, por volta das 8h, dois dos bandidos cobriram as cabeças de mãe e filha com um cobertor e as levaram de carro para um imóvel em Contagem, na Grande BH, ameaçando matá-las caso o tesoureiro não colaborasse, ou se o grupo fosse preso.
Lúcio e os outros dois criminosos seguiram para a agência, onde os 13 funcionários que lá estavam foram rendidos. O cofre foi aberto e uma quantia de dinheiro, ainda não informada, foi passada para um dos bandidos que fugiu de carro. O outro comparsa queria também o dinheiro referente aos municípios de Maravilhas e Pitangui, mas toda essa movimentação chamou a atenção da população, que acionou a polícia militar.
Do pelotão de Papagaios, que fica a apenas um quarteirão do banco, desceram várias viaturas e a agência foi cercada. O criminoso então tirou a bomba de Lúcio e a instalou na cintura de um caixa identificado apenas como Marcos, que foi instruído a se posicionar na frente da agência, à vista dos policiais, para impedir que o local fosse invadido. Segundo informações da polícia, o bandido tentou ganhar tempo e mandou os reféns saírem de mãos nas cabeças para distrair a polícia, enquanto ele fugia pela janela dos fundos.
A dona de casa Laura Duarte estava fazendo a filha, de 3 meses, dormir quando viu o suspeito pular da janela do banco para o telhado da garagem dela. “Tomei um susto danado. Sabia que estavam roubando o banco, mas quando eu vi o homem correndo no muro e pulando para o telhado do vizinho, só pensei em fugir com a minha filha para a rua”, lembra.
O suspeito Edson Cassiano Corrêa, de 32 anos, acabou preso quando saltou para o telhado do vizinho. Com ele foram apreendidos um revólver calibre 38 e seis munições. O explosivo foi removido da cintura do caixa do banco por policiais do Esquadrão Antibomba, que veio de Belo Horizonte e foi detonado num local seguro, mostrando que se tratava de um dispositivo falso, de tubos de PVC recheados com areia. No meio da tarde, a mãe e a criança foram libertadas num bairro de Contagem. Elas conseguiram fazer contato com a polícia e foram levadas de helicóptero para encontrar com o pai em Papagaios. Ninguém ficou ferido.
PERFIL A ficha criminal de Edson é extensa, contendo um histórico de 22 páginas com diversas passagens por crimes como roubo. Por volta das 15h, enquanto a polícia ainda rastreava a família sequestrada e fazia diligências, uma advogada que não quis se identificar, apareceu para representar o detido. Ela não explicou como foi acionada tão rapidamente e não quis conceder entrevista. Tudo isso leva a polícia a crer que se trata de uma quadrilha muito organizada. “São elementos da região de Belo Horizonte, que agem como oportunistas, identificando alvos no interior. Mas a Polícia Militar agiu com rapidez e conseguiu impedir o roubo, graças também a colaboração da população que estranhou essa movimentação e denunciou”, disse o coronel.
Confira como foi o ataque à agência bancária em Papagaios
No domingo, por volta das 16h, o tesoureiro Lúcio da Silva Barcelos chegou em casa de bicicleta e foi rendido por quatro homens armados. Eles o obrigaram a entrar no imóvel, onde fizeram a esposa e a filha dele reféns. Pela manhã, as duas seriam levadas de carro para um imóvel em Contagem, na Grande BH, sob ameaça de morte
Pressionado pelos ladrões e com um dispositivo que seria uma bomba preso à cintura, o bancário foi obrigado a levar o bando até a agência. Lá, 13 funcionários foram rendidos. O cofre foi aberto e uma quantia de dinheiro, ainda não informada, foi passada a um dos bandidos, que fugiu de carro. A movimentação chamou a atenção da população, que acionou a Polícia Militar (PM)
Com a agência cercada, o criminoso tirou do corpo do tesoureiro a suposta bomba – que depois se descobriria ser falsa – e a prendeu a um dos caixas do banco, que foi instruído a se posicionar na frente da agência. O ladrão mandou os reféns saírem de mãos na cabeça, na tentativa de distrair a polícia. Porém, ele foi preso ao tentar fugir. Mãe e filha foram libertadas mais tarde, em Contagem