Se em 2014 Belo Horizonte e Copa do Mundo fizeram um par quase perfeito – depois de algumas dúvidas turbinadas pelas manifestações do ano anterior –, passados quatro anos o namoro da cidade com o Mundial da Rússia ainda não engrenou. Há dois dias do início da disputa, bandeiras com as cores do Brasil ainda são presença rara nas janelas de casas e apartamentos da capital. Na Avenida Raja Gabaglia, no Bairro Santa Lúcia, Região Centro-Sul, as enormes bandeiras listradas de verde e amarelo que há quatro anos cobriam vários prédios estão guardadas no armário e apenas um ou outro edifício exibe alguma decoração. No Hipercentro da cidade, há acessórios à venda, mas o comércio é considerado tímido em relação a anos anteriores. Claro que tudo ainda pode mudar quando a Seleção de fato entrar em campo, mas o clima do evento ainda não tomou conta dos belo-horizontinos. Em meio ao aparente desânimo, há quem ainda não tenha se recuperado da memorável derrota por 7 a 1 para a Alemanha, bem ali no Mineirão, na Pampulha. E muitos acreditam que a crise política também afetou diretamente o futebol e os torcedores.
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A algumas quadras da casa da professora, a Rua Francisco Bicalho, também no Bairro Caiçara, está uma dessas exceções coloridas pelo clima de futebol. Bandeirinhas nas cores verde e amarela enfeitam o quarteirão entre as ruas Nadir e Zenite. No chão, uma enorme bandeira pintada no asfalto chama a atenção de motoristas e pedestres. A iniciativa tem nome e sobrenome: pela quinta Copa consecutiva, o comerciante Zelino Correia de Freitas, de 51 anos, enfeita a via. E ele explica o motivo de tanta animação.
Mas ele admite que o ânimo não é o mesmo entre todos os vizinhos de bairro. Ainda há quem critique a ação: “Alguns por causa dos 7 a 1, outros por causa da crise política, outros porque já não gostavam de futebol. Eu gosto mesmo é do encontro da família para ‘tomar uma’, da diversão. Sei separar bem a política do esporte”, afirmou.
Em outro extremo da cidade, no Bairro Sagrada Família, Região Leste, as ruas já estiveram mais decoradas. Nas ruas Geraldo Menezes Soares e João Carlos, que na Copa passada estavam enfeitadas, hoje só se vê asfalto, pois moradores não se mobilizaram para embelezá-la.