Professores do ensino infantil da rede pública municipal decidem hoje se põem fim à greve. Em assembleia, elas vão referendar ou não o acordo feito ontem entre representantes da categoria, o prefeito Alexandre Kalil (PHS) e o secretariado da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). O acerto propõe uma espécie de escalonamento de equiparação dos rendimentos das educadoras do infantil com os dos profissionais do nível fundamental, até o fim de 2020. A proposta é fruto de um movimento de 51 dias por algo muito além de aumento salarial. Em jogo, estava a valorização da carreira da educação infantil, prevista no Plano Nacional de Educação (PNE). Os salários não serão igualados em 100%, conforme queriam as professoras e exige o PNE, mas o quadro avança e deixa Belo Horizonte bem perto de cumprir as metas. Se a proposição passar pelo crivo da maioria, as aulas serão retomadas amanhã.
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Mesmo que aceitos pela categoria, todos os pontos do acordo deverão ser incorporados em forma de emenda ao Projeto de Lei 442, que será retomado na Câmara Municipal e trata das alterações na carreira das servidoras da educação infantil. Na reunião de ontem, ficou mantida a proposta de a carreira inicial do professor ter uma progressão imediata de até quatro níveis. Ela havia sido feita pelo prefeito Kalil, mas foi suspensa há cerca de 10 dias. No município, a carreira de professor tem 24 níveis, sendo o 1º para quem inicia na educação infantil e o 10º para quem começa no ensino fundamental. A partir disso, as mudanças vão ocorrendo conforme tempo de serviço e níveis de formação.
Pelo acordo, os salários das professoras graduadas vão pular para o nível 5, o que representa um aumento de 21,53%, que não será o mesmo para todas, visto que algumas já têm progressão na carreira. Receberá esse percentual de aumento quem ingressou recentemente na rede municipal e está no nível 1. Até 15 de outubro, a PBH se comprometeu a apresentar proposta sobre os três níveis faltantes, que permitirá reposicionar o início de carreira em nível 8, até o fim de 2020. “Até o fim do mandato, teremos uma diferença de 15% entre os salários de início de carreira da educação infantil com o fundamental”, informou a secretária Municipal de Educação, Ângela Dalben. Outro ponto do acordo é o prolongamento da carreira, que passa de 15 para 22 níveis. Assim, segundo a secretária, até o fim de 2020, um professor do ensino infantil vai receber 78% do que ganha o docente do fundamental. “Vamos avançar bem nas metas do PNE. Se o país estiver melhor até lá, poderemos conseguir alcançar 100%.”
COMPENSAÇÃO A secretária disse ainda que serão avaliados, individualmente, os casos das servidoras que ingressaram há mais tempo e não serão contempladas pelo aumento em sua totalidade, para que sejam encontradas formas de compensação.
O concurso para professor da educação infantil também mudará: a partir do ano que vem, vai exigir diploma de graduação em pedagogia ou normal superior. Dessa forma, quem ingressar na rede municipal já começará a trabalhar com o salário de nível 5. “Queríamos a equiparação de 100%, mas avançamos no sentido de aproximar direitos e reduzir a desvalorização”, afirma a também diretora do Sind-Rede, Evângely Rodrigues.
REPOSIÇÃO A PBH voltou atrás no corte de ponto e prometeu pagar os dias parados de abril e maio, em folha complementar, no dia 9 do mês que vem, com a condição de as escolas encaminharem, até o próximo dia 22 para a Secretaria Municipal de Educação (Smed) o calendário de reposição, que será feito por cada Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei). Nesse dia, o sindicato volta à mesa de negociações com a Smed para bater martelo na reposição. De acordo com Ângela Dalben, as escolas têm que cumprir as 800 horas e 200 dias letivos. O Sind-Rede acredita que a maioria das grevistas vai repor, mas afirma que elas têm a opção de não pagar os dias sem aula – nesse caso, terão o corte de ponto.