Oxigênio para a saúde pública em Belo Horizonte. Com os serviços sob ameaça de colapso diante da greve no maior pronto-socorro do estado, falta de insumos em outras unidades da rede estadual e consequente sobrecarga nas unidades de pronto-atendimento da prefeitura, o secretário municipal da área, Jackson Machado Pinto, anunciou na tarde desa quarta-feira um repasse de R$ 60 milhões do governo do estado para a capital, via Fundo Municipal de Saúde. Um terço da quantia foi transferido na terça-feira, possibilitando a compra de medicamentos e insumos básicos.
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Greve no HPS, falta de insumos e UPAs lotadas retratam quadro caótico da saúde em BHPacientes amargam espera de quase 12 horas para consultar em UPA Centro de BHBrasil ainda tem altas taxas de mortalidade infantilA rede municipal, de acordo com Jackson Machado Pinto, sofre com o aumento de demanda nas unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), atribuído especialmente à greve no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII e às recentes limitações materiais de outros hospitais administrados pela Fhemig. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, diante desse quadro a UPA Odilon Behrens (Região Noroeste), por exemplo, recebeu 12,5% mais pacientes nos últimos dias, enquanto a Centro-Sul teve um aumento de 22%, o maior registrado na cidade. “O colapso é fruto do uso excessivo de medicamentos e insumos para uma população que antes a gente não atendia. Com esse recurso, agora, esse risco está praticamente afastado”, afirmou o secretário.
Apesar de reconhecer a demora no atendimento na rede municipal diante dessa situação, o secretário Jackson Machado Pinto sustenta que a atenção a pacientes em estado grave e as internações estão normais na cidade. Para evitar as filas nas UPAs, a prefeitura recomenda que pacientes procurem primeiramente os postos de saúde, com exceção dos casos de urgência. Nos postos, os médicos podem avaliar o quadro e, se for o caso, encaminhar a pessoa ao pronto-atendimento. “A maior parte das pessoas que procura nossas UPAs teriam seus problemas resolvidos em um centro de saúde”, argumenta. Segundo a Saúde municipal, 78% do público das UPAs de BH não se enquadra em casos de urgência ou emergência.
Em sua edição de hoje, o Estado de Minas mostrou que pacientes enfrentam peregrinação entre unidades e espera de até 12 horas por atendimento nas UPAs. Deficiências de manutenção, falta de equipamentos e atraso de pagamentos são os principais problemas apontados por médicos no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII.
NEGOCIAÇÃO Segundo o secretário de Saúde de BH, a verba que alivia a pressão sobre o sistema público na capital foi liberada após articulação entre o prefeito Alexandre Kalil (PHS) e o governador Fernando Pimentel (PT). Os secretários de estado da Fazenda, José Afonso Bicalho, e de Planejamento, Helvécio Magalhães, também participaram do encontro. Segundo Jackson Machado, a verba evita o colapso iminente no serviço público da capital, que não recebia verbas estaduais desde janeiro. Quanto às duas parcelas restantes do recurso, o Executivo municipal informa que mais dinheiro deve ser direcionado à Fhemig, mas sustenta que ainda não há informação sobre quantias.
Questionadas sobre a destinação dos R$ 3,1 milhões direcionados pela prefeitura a partir de repasse estadual, a Rede Fhemig e a Secretaria de Estado da Saúde não se manifestaram até o fechamento desta edição. Sobre a crise no setor, a Fhemig sustenta que nenhum paciente de urgência e emergência deixou de ser atendido na capital, apesar da greve dos médicos do Hospital João XXIII..