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Trump acusa democratas de divulgarem histórias falsas sobre imigraçãoQueremos fronteira forte, com imigrantes vindo de maneira apropriada, diz TrumpAgora, Trump manda juntar famílias de imigrantesPelo menos quatro crianças de Minas estão separadas dos pais nos Estados UnidosO homem disse ter pedido recentemente o emprego em uma padaria. Afirmou ainda ter dívidas de R$ 30 mil e estar sendo perseguido por uma organização criminosa, mas não revelou mais detalhes sobre a questão.
Ele decidiu emigrar para os Estados Unidos para encontrar emprego e enviar dinheiro para a mulher e o outro filho, de três anos.
Ambos foram então enviados para um centro de detenção onde havia muitas outras famílias. "Por dois dias, só o que nos ofereceram foi Doritos, barras de cereal e suco." O brasileiro foi informado então de que o filho seria levado para uma unidade de menores, e que eles ficariam separados por não mais do que cinco dias.
Dez dias depois, o brasileiro soube que o menino havia sido enviado para uma unidade de imigrantes em Chicago, no Estado de Illinois. Ele procurou ajuda em um serviço de auxílio jurídico por telefone e conseguiu conversar por 20 minutos com o filho.
Naquele momento, a criança já havia conseguido estabelecer contato com a mãe no Brasil. Em entrevista na noite da quinta-feira, 21, a mãe do garoto disse à Associated Press que o filho tem autorização para fazer ligações às segundas e às quintas, por no máximo 30 minutos por vez.
A mulher afirmou que o garoto está mais calmo do que aparentava nos primeiros contatos, mas que ele permanece ansioso. O garoto toma remédio para hiperatividade, que continuou oferecido durante a detenção.
"Ele chora muito e quer ir embora", disse a mãe, que tem 31 anos e trabalha como faxineira em edifícios comerciais. "Ele está mais calmo agora, mas quer ir embora de lá. É horrível, terrível. As crianças estão sofrendo. Os pais também."
O pai disse que teve uma entrevista sobre o pedido de asilo na quinta-feira, 22, durante a qual aproveitou para perguntar sobre o filho. O agente de imigração informou apenas que a criança estava sob responsabilidade de outro departamento.
A mãe afirmou que também recebe informações vagas da unidade em que o filho se encontra, através do advogado de um escritório sem fins lucrativos que ajuda imigrantes.
O escritório ingressou com diversas ações em nome do menino de nove anos e de um outro brasileiro, um adolescente de 15 anos que também foi separado do pai.
"Estamos ingressando com essas ações porque o que essas famílias estão vivendo é uma farsa", disse a advogada Karen Hoffmann. "Ninguém sabe como será a reunificação. O governo certamente não sabe."
Itamaraty se posiciona
Em nota publicada na última quarta-feira, o Ministério das Relações Exteriores (ou Itamaraty) afirmou que acompanha a situação "com muita preocupação". De acordo com o órgão, trata-se de uma "prática cruel e em clara dissonância com instrumentos internacionais de proteção aos direitos da criança".
A pasta ainda orientou que os consulados brasileiros nos Estados Unidos reforcem medidas em prol da proteção de menores em terrítório estadunidense.
Entre essas ações, o Itamaraty cita o mapeamento de todos os abrigos, para detectar novos casos, intensificação do monitoramento e da assistência consular aos menores e orientação aos pais envolvidos. Além disso, o ministério ressalta a necessidade de realizar campanhas e coordenar o intercâmbio de informações entre os demais países emissores de emigrantes.
(Associated Press)