“A gente balança um pouco, mas pensa em um bem maior que é salvar uma vida. Então, deixamos o medo de lado e vamos em frente.” A frase do soldado Michel da Silva Cruz, lotado no 9º Batalhão do Corpo de Bombeiros de Pouso Alegre, no Sul de Minas, expressa a responsabilidade de cumprir uma das atividades do curso de salvamento, que na manhã desta terça-feira representou um desafio gigante em Belo Horizonte. Bombeiros que buscam especialização em ocorrências envolvendo grandes alturas atravessaram um percurso entre dois prédios do Hipercentro de BH em um cabo erguido a 90 metros do chão. Além disso, os militares fizeram também um rapel do prédio do Hotel Othon Palace. Tudo isso com o objetivo de treinar procedimentos que podem ser usados para resgatar vítimas quando as saídas de emergência de grandes edifícios estiverem interrompidas ou elas estejam presas do lado de fora.
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O curso de salvamento prevê também um módulo de descidas de rapel, outra forma de resgate de vítimas. As descidas foram feitas do prédio do Hotel Othon Palace, no Centro de BH, que tem 25 andares. O sargento Márcio Soares explica que, nessa possibilidade, há vários perfis de vítimas que podem ser resgatadas: “Tentativas de suicídio, pessoas que ficam presas na parte externa da edificação, normalmente faxineiras ou outras que mexem com limpeza e com obras”. O sargento lembra que quem controla o rapel é o militar que faz a descida, mas um bombeiro fica na parte de baixo de sobreaviso. “Se der alguma pane ou ele sentir um mal súbito e soltar a corda, nós simplesmente travamos a corda e o bombeiro para lá em cima”, explica. O cabo Felipe Carvalho diz que não sente medo na descida, mas sim emoção, pois já é experimentado nessa prática. “Uma moça estava limpando uma janela do lado de fora (do prédio) e ficou um pouco agarrada. A gente desceu de rapel, colocou uma cadeirinha e terminou de descê-la”, afirma.
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