O homem apontado pela Polícia Militar (PM) como o mandante da queima de dois ônibus na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, foi preso na tarde desta quarta-feira. De acordo com o capitão Bonacorsi, os ataques teriam sido cometidos em represália a ações policiais na Vila Mãe dos Pobres contra o tráfico de drogas. O preso seria um dos líderes na venda de entorpecentes na comunidade. Foram apreendidos aproximadamente 50 quilos de maconha e uma pistola de mesmo calibre da arma usada por criminosos em um dos incêndios. O homem preso, conhecido como Dedé, nega os crimes.
Os levantamentos da PM para encontrar os criminosos começaram ainda na manhã de terça-feira, logo depois que um dos veículos foi queimado. “Já tínhamos informações de que Dedé seria o principal suspeito. Ele emitiu ordens para o ataque devido a represálias às ações contra o tráfico de drogas no aglomerado”, explicou o capitão.
Durante buscas na tarde desta quarta-feira, os militares conseguiram encontrar Dedé em um imóvel da comunidade. “Ele ficou bastante exaltado e negou todos os fatos. Mas tanto a comunidade quanto os policiais militares o apontam como o chefe do tráfico de drogas na região”, disse o capitão. Foram encontradas no local 36 barras de maconha, que pesaram aproximadamente 50 quilos.
Além disso, uma arma apreendida pode ser uma das principais provas que ligam o homem aos ataques. “Apreendemos uma pistola 765, mesmo calibre da arma utilizada pelos criminosos em um dos ataques. Na ocasião, uma das pessoas envolvidas ameaçou o motorista e chegou a dar um tiro para o alto. O cartucho deflagrado foi encontrado”, afirmou Bonacorsi. O material apreendido e o homem preso foram encaminhados para a Central de Flagrantes da Polícia Civil (Ceflan 4).
Os ataques
O primeiro ataque aconteceu na manhã de terça-feira, um veículo da linha 640 (Estação Venda Nova/Jardim Leblon) foi incendiado por pelo menos seis homens na Rua Cônego Trindade, no Bairro Jardim Leblon, Região de Venda Nova. Um deles estava armado e rendeu motorista e passageiros.
À noite, por volta das 20h, outro coletivo foi alvo de ataque. Segundo a Polícia Militar (PM), o motorista da linha 615 (Estação Pampulha/Céu Azul B) disse que seguia pela Rua Radialista Mário Batista, no Bairro Céu Azul, quando um homem deu sinal para embarcar. Em seguida, pessoas usando toucas 'ninja' e camisas na cabeça se aproximaram do coletivo e mandaram todos descerem, dizendo que colocariam fogo no veículo.
Eles espalharam um líquido inflamável na parte de trás do ônibus e começaram o incêndio. Depois, fugiram para o Aglomerado Mãe dos Pobres. Conforme a PM, o motorista usou um extintor para apagar as chamas. Um morador usou uma mangueira para ajudar. O caso foi registrado na 2ª Delegacia de Polícia de Venda Nova. Até o momento, nenhum suspeito do ataque foi preso.
Os ataques levaram transtornos para os usuários do transporte coletivo. Algumas linhas deixaram de atender as estações BHBus Venda Nova, Vilarinho e Pampulha. De acordo com a BHTrans, a situação ocorreu entre 23h de terça-feira e 5h desta quarta-feira. Passageiros reclamaram da situação nas redes sociais.
Horários podem ser reduzidos
Novos ataques aos coletivos podem trazer mais transtornos para a população. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra/BH), Joel Paschoalin, ameaçou, pela segunda vez no mês, a interromper o serviço em determinada região ou linha da cidade. A possível paralisação foi ratificada pelo prefeito de BH, Alexandre Kalil (PHS).