Jornal Estado de Minas

Alunos trocam uniforme pela camisa da Seleção Brasileira para ver o jogo na escola


Foi sem dúvida um dia de aula diferente. Em vez do quadro, olhos vidrados no telão. No lugar da atenção na professora, ouvidos ligados no jogo. Nesa quarta-feira, no jogo do Brasil contra a Sérvia, muitas escolas de Belo Horizonte se transformaram em miniestádios em que valia tudo: de se vestir de verde e amarelo até fazer muito barulho.

Foi a primeira Copa dos pequenos da Escola Infantil Galileo Galilei, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul, e a liberação para agitar empolgou mais que o jogo em si. Mas tinha menino de colo tão concentrado que até parecia entender os lances. E nada tirou a alegria de gritar gol. “Os que estão na escolinha de futebol entendem melhor.
Os outros não vivenciaram isso muito ainda. Mas a farra é sensacional”, disse o professor de educação física Peter Voll Mayer.

No Colégio Batista, no bairro homônimo, na Região Leste de BH, a vibração também foi grande entre alunos dos ensinos fundamental e médio. A estudante Letícia Maria de Souza, de 17, apostava no placar de 3 a 0. “Fiquei muito preocupada, porque o Marcelo se machucou logo no início, mas o Paulinho (autor do primeiro gol brasileiro) convenceu. Acho que o hexa vem”, disse.

Antes da partida, os estudantes receberam os jogadores Fábio, Henrique, Leo e Rafael, do Cruzeiro, para uma palestra do projeto “Educando na Copa”, em que os atletas vão às escolas falar sobre valores e princípios.
A conversa foi sobre bullying, família, educação e amizade. “Escutar isso deles, que são figuras públicas, é um exemplo”, afirmou Letícia. 

Uniforme diferente 



Aos gritos de “Vai, Brasil”, a empolgação dos alunos ecoou pelos corredores do Colégio Sagrado Coração de Maria, na Região Centro-Sul. No auditório, os pequenos torcedores se aglomeravam em frente ao telão. Dispensados do uniforme, vestiram verde e amarelo e não pouparam a voz, muitos deles assistindo pela primeira vez ao Mundial.

A torcida na escola teve direito a pipoca e euforia. Tanta que os pequenos mal conseguiam ficar sentados. Vestindo a camisa 10, Heitor, de 9, do 4º ano do ensino fundamental, estava empolgado para ver Neymar. Ele diz que não se lembra da Copa de 2014, mas está animado com a expectativa do hexa.

Com toda inocência de criança, muitas exaltavam uma vitória certeira para o Brasil.
"Eu quero que ganhe de 300 mil a zero", declarou Laura Drumond, de 7 anos.  Antes do fim do jogo, as crianças apostavam que o Brasil não iria tomar nenhum gol. Samuel Oliveira, de 7 anos, apostou que a partida ficaria em 2 a 0. Acertou. 

Com olhos de quem entende do assunto, Carolina, de 9, não está acreditando muito no título. Ainda assim, ela e as amigas Lívia e Maria Eduarda, de 8, vibraram quando Thiago Silva fez o segundo do Brasil. Além de assistir às partidas, as três jogam futebol na escola. Carolina cogita até ser profissional: “Meu sonho é ser igual à Marta”.

“É muito melhor assistir ao jogo aqui do que faltar de aula para ver em casa”, disse Rafael Santos, de 10, do 5º ano do ensino fundamental. Apesar da pouca idade, o estudante conta que ainda não superou a derrota brasileira em 2014. “Quero esquecer isso”, declara, dizendo-se empolgado para acompanhar o desempenho da Seleção desta vez. Pelo menos, a Alemanha, eliminada, não está mais no caminho. 

* Sob supervisão do editor Roney Garcia

 

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