Amanheceu vazio ontem o pedestal que abrigava a Ninfa, uma das quatro estátuas a representar as quatro estações do ano nos jardins da Praça Rui Barbosa, a popular Estação, no Hipercentro de Belo Horizonte. A estátua foi quebrada anteontem à noite por uma mulher que, segundo a Guarda Municipal, estava “alterada”. Esse não foi o primeiro ataque registrado pela corporação. De janeiro a maio, foram 185 ocorrências de danos diversos ao patrimônio público, o que dá 1,4 ocorrência por dia de vandalismo, e outras 27 ocorrências especificamente de pichação.
Fosse original, teria valor inestimável. Felizmente, é uma réplica e o tamanho do prejuízo só será conhecido depois de concluído o orçamento de intervenções pelas quais a Praça da Estação e suas obras devem passar ainda este ano. Eram 20h45 de quarta-feira, quando guardas municipais, que faziam patrulhamento na praça, foram informados pelo Centro Integrado de Operações (COP-BH) que as câmeras haviam captado a imagem da estátua sendo destruída. Eles foram para o local, onde prenderam em flagrante a acusada, uma psicóloga de 45 anos. Com ela, os guardas municipais apreenderam “uma pequena quantidade de erva semelhante a maconha”, informou a corporação. A mulher foi algemada e encaminhada à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Centro-Sul. Depois de receber atendimento, foi levada à Central de Flagrantes da Polícia Civil (Ceflan 2), de onde foi transferida para o sistema prisional.
PROCESSO A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) não deu detalhes sobre a revitalização da praça, que não deve contemplar todo o conjunto. Informou que a Diretoria de Patrimônio da Fundação Municipal de Cultura (FMC) tem um recurso – o valor também não foi divulgado – e, junto com o Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), está fazendo orçamentos para saber onde o dinheiro poderá ser aplicado. O que não estava previsto até então era que parte dele fosse usado para construir uma nova réplica. Por enquanto, a base da Ninfa continuará vazia e só receberá nova hóspede durante as ações de restauro da Rui Barbosa.
VERÃO De acordo com inventário dos monumentos de BH elaborado pela Belotur, em 2008, a Ninfa é a estátua feminina que representa o verão. O nome do artista não está identificado no documento. A estátua original é feita em mármore branco de carrara e sua data remete ao ano de 1924. De acordo com a PBH, o jornal Minas Gerais de 7 de setembro de 1926, que relata a inauguração dos jardins da Praça da Estação, cita a instalação das quatro estátuas que representam verão, inverno, outono e primavera. As peças da Praça da Estação são réplicas das originais, que estão no Museu de Artes e Ofícios, também localizado na praça. As cópias foram feitas de resina e pó de mármore. A Ninfa destruída era de gesso.
Tigres vandalizados
Em setembro de 2017, uma das duas réplicas de estátuas de tigres do conjunto arquitetônico da Praça Rui Barbosa foi alvo de vandalismo, ao ser arrancada de seu pedestal e quebrada. Alvo de constantes ataques, principalmente pichadores, em outubro de 2014, a estátua já havia sofrido uma depredação de maior porte, ao ser incendida por um casal de adolescentes. Em 1926, a cidade começou a se preocupar com o embelezamento artístico de seus jardins. O prefeito na época, Dr. Flávio dos Santos, deixou como marca de sua gestão as esculturas dos dois tigres e dois leões, ambos colocados nos jardins da praça, reinaugurada em 7 de setembro de 1926, depois de uma remodelação radical da antiga praça, inaugurada em 4 de setembro de 1906.