Os trabalhos para a implantação das ligações na comunidade começaram no ano passado. O engenheiro de Planejamento do Sistema Elétrico da Cemig, Leonardo Luiz da Rocha, que integra a equipe de planejamento e controle do Plano de Regularização de Atendimento Rural, conta que poucas estradas levam à Serra do Caiçara e os caminhos são acidentados. Assim, não era possível passar com um caminhão. “Para você ter uma base, levamos postes por 10, 15 quilômetros em linha reta (de helicóptero). Lá tem muita terra, muitas pedras”, explica o engenheiro.
Rocha conta que caminhões levaram os postes, que pesam cerca de 450 quilos, até onde foi possível seguir por via terrestre e, de lá, foram carregados pela aeronave. “O helicóptero precisa de espaço para pousar. Foi feito um estudo do local, toda uma logística com a equipe de construção”, detalhou. Os primeiros postes foram levados para a Serra do Caiçara no ano passado. Por conta do período chuvoso, que prejudicava o deslocamento da aeronave, a segunda parte do transporte foi feita neste ano.
Em média, 30 pessoas trabalham nas operações, entre técnicos da Cemig e funcionários de empreiteiras. As equipes chegam ao local por terra. Leonardo Luiz da Rocha diz que faltam quatro famílias para que o trabalho seja concluído no povoado. Duas receberiam as ligações ainda ontem e as outras duas até 10 de julho.
MAIS PRODUÇÃO Márcio Pinto de Oliveira, de 41 anos, é nascido e criado em Serra do Caiçara. O trabalhador rural mora em uma fazenda e conta que a comunidade trabalha principalmente com criação de gado leiteiro e agricultura. Ele lembra que, na infância, os pais cuidavam da propriedade sem energia elétrica. Adulto, ele conseguiu comprar um gerador, mas a situação ainda era difícil. “Alguns tinham gerador e outros não. Na minha propriedade tinha um gerador de 250 quilowatts. A gente distribuía no que precisava. Outros (vizinhos) não tinham nada, só lamparina. Era muito difícil mesmo. Não tinha geladeira. O pessoal comprava uma carne e tinha dificuldade para armazená-la. Aqui em casa já tínhamos televisão. Os outros não”, explicou. “O pessoal aqui dessa comunidade é muito sofrido”, enfatiza o trabalhador rural, dizendo que de lá até Santana do Pirapama são duas horas de ônibus.
Oliveira conta que representou os vizinhos e se mobilizou para pedir energia elétrica para a comunidade. A ligação na propriedade dele chegou em 15 de outubro de 2017. “Mudou muita coisa, está me ajudando demais mesmo. Até no horário para retirar o leite ajuda. Vai dar pra eu montar uma ordenha, me ajuda até a fazer queijo à noite. Aumentou a produção. Todo mundo está gostando demais”, resumiu.
META No fim de 2014, antes do plano, a Cemig tinha 30 mil clientes pendentes de atendimento nos 774 municípios atendidos pela companhia. O serviço de instalação nas localidades atendidas pelo Plano de Regularização de Atendimento Rural é realizado pela empresa sem custo aos moradores beneficiados. As famílias que têm o Número de Inscrição Social (NIS), que identifica cidadãos cadastrados em programas sociais, recebem um kit básico para a instalação elétrica interna, composto por um padrão, um ramal de conexão, três lâmpadas fluorescentes e duas tomadas. A previsão é de que até o fim do ano seja cumprida a meta de instalação de 15 mil quilômetros de rede. O investimento no plano é de R$ 800 milhões.