Na quadra, Brasil de verde, amarelo e azul. Para fazer gol vale tudo: pé, mão, cabeça e até as rodas da cadeira. A bola, gigante, foi a estrela da vez, feita especialmente para crianças e adolescentes que pela primeira vez entravam em quadra para sentir o sabor da disputa. Na segunda Copa da Associação Mineira de Reabilitação (AMR), todos saíram vencedores de uma competição própria, na qual obstáculos e limitação de movimentos perdem de goleada para a superação. “No fim, todos ganham medalha de ouro, porque não há um único vencedor”, afirma a superintendente da AMR, Márcia Castro.
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Veja horário de ônibus, comércio e bancos de BH nesta sexta de Brasil x BélgicaCrianças de BH vivenciam a primeira Copa como descoberta sobre países e espírito esportivoAMM busca entendimento com o MP para isolamento social nos municípiosPré-jogo de Brasil e Bélgica tem cerveja e cão uniformizado em BHO jogo é, na verdade, uma atividade lúdica. Em quadra, meninos em cadeira de rodas, andadores ou que não usam qualquer aparelho recebem ajuda dos funcionários. Os mascotes dos times mineiros – Raposão e Galo Doido – se revezaram nos dois dias de jogos para alegria da meninada.
Com 80% das crianças cadeirantes, adaptações foram necessárias. A bola foi importada dos Estados Unidos, no Mundial de 2014, pois não há um modelo similar no país. Na atividade, também se trabalham consciência corporal, controle de corpo, equilíbrio, força e socialização com o colega. “Nessas épocas, as escolas fazem competições internas, mas eles não têm as mesmas oportunidades de outras crianças de sentir essa emoção. Por isso esse evento é tão importante”, explica o supervisor de esportes e coordenador da esporteterapia da AMR, Guilherme Sette Câmara.
A artesã Margareth de Almeida, de 56 anos, tia-avó de Kézia Gabriela Almeida dos Santos, de 8, se entusiasmou com o gol marcado pela sobrinha. “Ela é louca por futebol. Tenho certeza de que o feito dela será o assunto do dia. Nada melhor que ver essa alegria”, disse. Heitor Elias Mariz, de 5, que aposta na vitória do Brasil na Copa, também pôs a bola no gol. “Fico muito feliz com a alegria dele, porque estando numa cadeira de rodas não é fácil.”
Izabela Ribeiro Silva, de 17, lamentou não ter marcado, mas se orgulhava de ter dado o passe para gol. Na AMR desde os 8 meses, conta que esta é sua primeira Copa, já que não participou da de 2014. “Não vou levar na minha vida um 7 a 1, como o Brasil levou da Alemanha”, decreta, encorajada pelo amigo Juan Ferreira da Rocha, também de 17. Ele torce para time da Argentina, mas queria na Rússia ver a vitória da Islândia. Em sua Copa, já tem muito o que comemorar: “Marquei dois gols. É uma vitória”.