A ameaça do sarampo bate à porta de Minas Gerais e encontra uma legião de pessoas desprotegidas. São 6 milhões de habitantes não vacinados e ignorando a forma mais eficaz de evitar o contágio, o que cria um cenário preocupante. A doença, declarada erradicada no país em 2016, voltou a ameaçar. Há casos de contaminação este ano em quase todas as regiões brasileiras, incluindo o Sudeste e o estado vizinho do Rio de Janeiro. Com uma cobertura de imunização abaixo do desejado, que é de 95%, Minas tem um contingente considerável de pessoas suscetíveis à virose, altamente contagiosa, que pode se instalar de forma grave e até matar. Com mais de 50 casos suspeitos sob análise em território mineiro, campanha nacional em agosto vai tentar reverter os baixos índices de cobertura. Em Belo Horizonte, a partir da semana que vem, equipes de saúde vão tentar achar crianças sumidas das salas de vacinação para garantir a proteção do grupo mais sensível à doença.
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Casos de sarampo em 28 países da Copa da Rússia ligam o alerta para risco de contágioRisco de sarampo provoca novo alerta na saúde de Minas GeraisMinas bate meta de vacinação contra gripe; baixa adesão de crianças e gestantes preocupa Às vésperas da campanha nacional contra o sarampo, Minas entra em alertaMinas investiga 63 casos suspeitos de sarampoA partir desta semana, prefeitura de BH vai atrás de quem não se vacinouBaixa vacinação em Minas aumenta chances de contágio por sarampo e outras doenças Polícia investiga caso de bebê asfixiado em creche de Poços de CaldasAcidente entre quatro veículos deixa um morto na BR-265Massa de ar frio derruba temperaturas e mínima pode chegar a 11 graus em BHComunidade de Noiva do Cordeiro vence isolamento e vende produtos em feira de BHCom a virose no calendário nacional de imunização desde 1980 e nas campanhas de vacinação desde 1990, o percentual de vacinados vem caindo, o que dispara o sinal de alerta. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas, no ano passado a cobertura vacinal da triviral (que protege também contra caxumba e rubéola) como primeira dose (para crianças de 1 ano) foi de 83,69%.
Já este ano, até maio, a primeira dose alcançou 77,56% do público-alvo, enquanto a segunda protegeu apenas 61,21% dos bebês – percentuais bem abaixo da meta de 95% de cobertura. Apesar da população vulnerável, não há casos confirmados da doença no estado. Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), houve 66 registros suspeitos de sarampo no ano passado, mas todos foram descartados. Em 2018, 56 notificações estão em análise.
Lúcia Paixão destaca que as coberturas pioram à medida que as crianças vão crescendo. Nos últimos anos, variou entre 85% a 93% a quantidade de bebês de 1 ano que foram imunizados. Já as doses de reforço ficaram entre 70% e 85% dos meninos e meninas com 1 ano e 3 meses, ficando ainda mais distante da meta. A orientação dada pela secretaria, que deve entrar em vigor a partir de segunda-feira, é de buscar crianças que não foram levadas para se vacinar. Equipes nos centros de saúde tentarão localizar famílias por telefone ou por meio dos agentes comunitários.
A coordenadora de Imunização da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Eva Lídia Arcoverde, alerta para os riscos do sarampo. “A virulência é alta, porque o contágio é por contato de pessoa a pessoa.
DOENÇA O sarampo é uma doença infecciosa viral extremamente contagiosa. A transmissão se dá por meio de secreções das vias respiratórias, podendo ser transmitida diretamente de uma pessoa a outra ao tossir, espirrar, falar ou respirar. O contágio pode ocorrer também por dispersão de gotículas no ar, em ambientes fechados como escolas, creches e ônibus. Os principais sintomas são febre alta, manchas avermelhadas em todo o corpo, congestão nasal, tosse e olhos irritados e a doença pode desencadear complicações graves, como cegueira, encefalite, diarreia intensa, infecções do ouvido e pneumonia, sobretudo em crianças com problemas de nutrição e pacientes imunodeprimidos.
Embora a única prevenção eficaz contra o sarampo seja a vacina, a SES alerta para cuidados para evitar doenças de transmissão respiratória: higiene das mãos com água e sabão; evitar tocar os olhos, nariz ou boca depois de contato com superfícies; usar lenço de papel descartável; proteger com lenços a boca e nariz ao tossir ou espirrar, para evitar disseminação de gotículas; evitar aglomerações e ambientes fechados. O doente deve também evitar sair de casa enquanto estiver em período de transmissão da doença (até sete dias depois do início dos sintomas)..