O primeiro fim de semana de férias escolares do meio do ano vai levar às estradas mineiras milhares de motoristas, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Mas na mesma proporção em que cresce a circulação no período reservado por boa parte da população para as folgas em família, deve aumentar também a atenção dos condutores, especialmente em Minas Gerais. A maioria das 10 rodovias que mais registraram mortes no Brasil entre 2007 e 2017 corta o estado, situação que se repete entre as 10 BRs em que mais ocorreram acidentes com vítimas em uma década no Brasil (veja quadro). Os números de rodovias como a 116, segunda no ranking nacional e campeã de mortes entre as estradas que cortam Minas, 381, 040 e 262 levam em consideração centenas de quilômetros em território mineiro, o que contribui para colocar o estado como líder em números absolutos de mortes e acidentes no país em 10 anos. Foram 12.367 óbitos, média de três vidas perdidas todos os dias de 1º de janeiro de 2007 a 31 de dezembro do ano passado.
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Em terceiro lugar está a BR-153, temida rodovia que corta o Triângulo Mineiro e se divide em duas realidades. De um lado, um trecho de pista simples ligando o trevo com a BR-365 à divisa com São Paulo.
A atenção dos motoristas nas férias de julho tem que ser redobrada naquelas viagens que tiverem como percurso pelo menos 30 quilômetros enquadrados pela CNT como trechos extremamente perigosos no estado, distribuídos nas BRs 381 e 040. São três segmentos de 10 quilômetros que aparecem na lista dos 10 trechos mais perigosos de todo o Brasil. Um desses pontos, de pista dupla, que ocupa o quarto lugar na lista do perigo nacional, está na BR-381, em Itatiaiuçu, na região sinuosa da Serra de Igarapé, Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O funcionário público aposentado Jorge Neves, de 63 anos, passou na quinta-feira pelo trecho de Itatiaiuçu da BR-381. Ele e a mulher, a artesã Telma Maria Campos, de 56, resolveram antecipar a viagem para levar a pequena Isabela Campos, neta do casal, de BH, para passar as férias de julho em Bom Sucesso, no Sul de Minas. “Resolvemos fugir do maior fluxo de trânsito do início das férias e saímos antes, mas, mesmo assim, a Fernão Dias é complicada. Apesar de ser uma estrada duplicada, tem muitas curvas e exige muita atenção. Principalmente nesse trecho de serra, tem que reduzir a velocidade”, diz Jorge. “Fico sempre atenta nesta estrada.
No percurso de 10 quilômetros, considerado o quarto mais perigoso do Brasil na BR-381, foram 14 mortes apenas no ano passado. A sinalização da Autopista Fernão Dias, concessionária responsável pela rodovia, alerta a todo momento para a necessidade de reduzir a velocidade e também para as curvas fechadas. Mas mesmo assim os avisos não são suficientes para evitar que carros pequenos e caminhões passem em alta velocidade.
Outro ponto que também traz risco para os condutores é o trecho entre os Kms 516 e 526 da BR-040 em Contagem, na Grande BH. O fluxo intenso de carros, motos, ônibus e caminhões e a quantidade de residências e estabelecimentos comerciais próximos à estrada revelam um perigo bastante frequente. Pedestres atravessam em meio ao trânsito carregado e ficam muito expostos ao risco de atropelamentos. Nesse ponto, foram 10 mortes em 2017, o que enquadra o trecho em nono lugar entre os 10 mais perigosos do Brasil no ano passado.
O inspetor Aristides Júnior, chefe do Núcleo de Comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Minas, diz que o fato de o estado ser líder de mortes nas rodovias federais nos últimos 10 anos é explicado por Minas concentrar a maior malha rodoviária federal do país, ser um território de transição (passagem para motoristas de outros estados) e também por ter um relevo extremamente acidentado. “Se o motorista der sua parcela de contribuição adotando uma direção mais preventiva e mais defensiva, com certeza a tendência é que o número de acidentes diminua”, afirma o inspetor.
Júnior destaca ainda que o reforço no policiamento na segunda quinzena de julho será pontual em algumas delegacias do estado que concentram a maior parte do movimento. Segundo ele, nos períodos de férias e feriados prolongados, há um aumento de veículos transitando pelas rodovias que acaba aumentando também a possibilidade de ocorrerem acidentes. “Nesses momentos de pico, a atenção, a prudência e o trabalho de prevenção por parte dos motoristas é fundamental.