Campanha pela restauração do Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ganha, neste domingo, mais força e movimento. Uma missa presidida pelo arcebispo metropolitano, dom Walmor Oliveira de Azevedo, teve o agradecimento a todos os colaboradores e, de maneira especial, à Associação Pão de Santo Antônio, que doou um carro para facilitar o serviço e o transporte das monjas concepcionistas. Construído no século 18, o mosteiro é considerado uma das mais importantes construções coloniais do interior do Brasil.
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Igreja do Sagrado Coração de Jesus está prestes a ser entregue após restauroDom Walmor comemora na Serra da Piedade 20 anos de serviços à Igreja na condição de bispo Após mais de 2 anos de atraso, Igreja da Pampulha pode ter sinal verde para obrasMosteiro de Macaúbas festeja volta de imagens restauradas ao altar Bíblia à brasileira: CNBB edita nova tradução oficial do livro sagradoA campanha Abrace Macaúbas foi lançada em 5 de setembro a fim de obter recursos para a recuperação do mosteiro, sendo assinado, na época, um termo de compromisso entre a Prefeitura de Santa Luzia e o Ministério Público de Minas Gerais para garantir a recuperação do muro externo erguido em adobe.
URGÊNCIA Há três anos e meio, a abadessa comandou uma grande campanha para a compra das latas de tinta que deram vida nova ao azul colonial das portas e janelas e branco das paredes com um metro e meio de largura e prepararam o mosteiro para a festa do tricentenário. Acompanhando a cerimônia religiosa, o presidente da Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia, Adalberto Andrade Mateus, disse que “Macaúbas impressiona pelas dimensões e conservação externa, mas, por dentro, precisa de reforma imediata de todo o sistema elétrico, descupinização, enfim, de obra de restauro. Apesar da boa aparência, tem problemas gravíssimos”.
Basta olhar para o madeirame e ver a necessidade urgente de conservação do prédio que abrigou uma das primeiras escolas femininas das Gerais. Em alguns cantos, os cupins deixaram seu rastro em montinhos de madeira devorada, enquanto, ao pisar as tábuas corridas, ouve-se o estalo de perigo. O forro da capela, pintado no início do século 19, por Joaquim Gonçalves da Rocha, de Sabará, também demanda ação urgente para não sair de cena.
Conhecer o Convento de Macaúbas, como é carinhosamente chamado, representa experiência única: ali estão freiras, roseiras para fazer vinho, muitas orações e trabalho duro. Na entrada principal, onde se lê a palavra clausura, vê-se em destaque a pintura de um personagem fundamental nesta história tricentenária: o eremita Félix da Costa, que veio da cidade de Penedo (AL), em 1708, pelo Rio São Francisco, na companhia de irmãos e sobrinhos. Demorou três anos para chegar a Santa Luzia, onde construiu uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, de quem era devoto. Mas, antes disso, bem no encontro das águas do Velho Chico com o Rio das Velhas, na Barra do Guaicuí, em Várzea da Palma, Região Norte do estado, ele teve a visão de um monge com hábito branco, escapulário, manto azul e chapéu caído nas costas.
No século 18, quando as ordens religiosas estavam proibidas de se instalar nas regiões de mineração por ordem da Coroa portuguesa, para que o ouro e os diamantes não fossem desviados para a Igreja, havia apenas dois recolhimentos femininos em Minas: além de Macaúbas, em Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha. Conforme os estudos, tais espaços recebiam mulheres de várias origens, as quais podiam solicitar reclusão definitiva ou passageira. Havia, portanto, uma complexidade e diversidade de tipos de reclusas, devido à falta de estabelecimentos específicos para suprir as necessidades delas. Assim, os locais abrigavam meninas e mulheres adultas, órfãs, pensionistas, devotas, algumas que se estabeleciam temporariamente, para “guardar a honra”, enquanto maridos e pais estavam ausentes da colônia, ou ainda como refúgio para aquelas consideradas desonradas pela sociedade da época. .