Nas redes sociais, ostentação. Dinheiro, carros, joias, armas e camisas e bonés com as iniciais da gangue eram tema de fotos postadas na internet com o rosto descoberto. Mas, ontem, caiu a pompa de um dos grupos responsáveis pelo comando do tráfico de drogas no Morro do Papagaio, aglomerado situado entre os bairros São Pedro, Santo Antônio e Santa Lúcia, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Operação policial desmantelou a quadrilha e prendeu 22 dos 25 integrantes. Entre eles estão os líderes do grupo, dois irmãos que, de acordo com as investigações, tinham um padrão de vida incompatível com a profissão alegada por eles.
Leia Mais
Operação contra o tráfico no Morro do Papagaio termina com 22 presosPolícia faz operação contra o tráfico de drogas no Morro do PapagaioOperação contra tráfico de drogas e armas termina com sete presos em BHAdolescentes fogem da polícia de moto e ficam feridos após perseguição e acidenteSegundo a polícia, os líderes da gangue Beco do Galope seriam os irmãos Gabriel Hugo Marciano, de 22 anos, e Fábio Henrique Marciano, de 26. Eles cresceram nos negócios angariando vizinhos e adolescentes para as vendas. As apurações mostram que muitos dos que moram perto dos locais de tráfico eram obrigados pela quadrilha a esconder a droga em casa para a polícia não pegar. O homem apontado como o principal fornecedor do morro, Júlio Martins da Silva, e a mulher dele também foram presos. “Acreditamos que a prisão dele vai atrapalhar muito o fornecimento de substâncias ilícitas a outros grupos”, diz a delegada.
RESPEITO Ela explica que uma lei reina no Morro do Papagaio: cada gangue respeita seu espaço, por isso, é baixo o número de homicídios. No ano passado, 19 pessoas de outro grupo criminoso importante, a gangue Beco dos Ratos, foram presas. “Na delegacia hoje (ontem), os comentários dos presos era de que a criminalidade no morro acabou, porque estava todo mundo preso”, relatou.
Na quarta fase da operação, 20 pessoas foram presas. Duas haviam sido detidas na semana passada pela Polícia Militar e, até o fechamento desta edição, duas estavam foragidas. O modo de vida dos chefes do bando chamou a atenção. Eles se intitulam serventes de pedreiro e têm casas, de acordo com a polícia, em patamar acima do que há no aglomerado, além de carro de luxo – um Hyundai Sonata, cujo valor de mercado é de cerca de R$ 100 mil.
A polícia não deu detalhes, mas acredita que a quadrilha movimentava valores consideráveis. Chamou ainda a atenção o poder bélico. Os homens estão presos no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) da Gameleira, na Região Oeste de BH, e as mulheres foram levadas ao Presídio José Abranches Gonçalves, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana..