Moradores e comerciantes da Avenida Cristiano Machado e seu entorno acompanham com expectativa o desdobramento da licitação de uma obra importante para evitar enchentes na avenida. O anúncio da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) da reabertura do edital, que promete resolver parte dos problemas trazidos pela chuva, anima a população, que coleciona prejuízos com alagamentos históricos na avenida onde é formado o Ribeirão do Onça, um dos principais cursos d’água de BH. A prefeitura espera construir, em um ano e meio a partir da assinatura da primeira ordem de serviço, um novo canal para o manancial ao lado do que já existe entre o cruzamento com a Avenida Risoleta Neves, no Bairro Primeiro de Maio, e a Estação São Gabriel do Move, aumentando, dessa forma, a capacidade de drenagem de água. A obra pode alcançar o teto de R$ 45 milhões, com recursos do Fundo Municipal de Saneamento e de financiamento via Ministério das Cidades, além de R$ 25 milhões já licitados para desapropriações.
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A interferência no trânsito deve chegar para valer a partir da segunda fase, que de acordo com Castilho deverá ter a licitação de obras lançada ainda esse ano. Essa parte contempla a ampliação do canal do Ribeirão Pampulha, que vai das imediações da Estação São Gabriel até o cruzamento da Cristiano Machado com a Avenida Sebastião de Brito, no Dona Clara, e tem perspectiva de durar dois anos.
INUNDAÇÕES Há cinco anos como donos de uma loja de locação de equipamentos para construção civil na Rua Gilson Bretas, Bairro Suzana, Região da Pampulha, os irmãos Vinícius Jopetipe, 34, e Mateus da Silva Jopetipe, 31, tiveram um prejuízo de quase R$ 30 mil em dezembro do ano passado, quando a loja foi invadida pela água de um temporal na região. “Aqui a gente monta uma estrutura de cavalete de novembro a abril para levantar as máquinas caso comece a chover. Nesse período, quando estamos em casa e começa a cair a água a gente fica sem saber se vai encontrar as máquinas boiando”, diz Vinícius. Mateus acrescenta que a obra será importante, mas vem tarde.
O preparador automotivo Artur Lima da Silva, 26, trabalha em uma oficina na Avenida Risoleta Neves há três anos e está bastante acostumado com a rotina de alagamentos da região. “A água vem por esse canal e quando chega na boca ela não entra, acumulando para todo lado e enchendo a Cristiano Machado. Teve uma situação que a água entrou na oficina e algumas peças como macaco e compressor ficaram boiando. Se a obra sair e parar de alagar vai melhor demais para nós”, diz ele.
Crateras seguem sem solução
As obras no início do leito do Ribeirão do Onça, nas imediações da Avenida Cristiano Machado, prometem começar a solucionar problemas que tiram o sono de moradores e comerciantes não só da via que liga o Centro às regiões Norte, Nordeste, Pampulha e Venda Nova, mas ao longo dos bairros cortados pelo curso d’água. Acostumada a conviver com o risco quando chove forte, a população do Bairro Ribeiro de Abreu, Nordeste da cidade, vivenciou de forma violenta os efeitos das cheias do Onça em março deste ano. Parte da Rua Antônio Ribeiro de Abreu foi levada pela chuva, abrindo uma cratera na região que segue sem solução até hoje. Com as obras que podem começar ainda esse ano e as demais etapas de toda a bacia de macrodrenagem dos ribeirões Pampulha, do Onça e Córrego Cachoeirinha, a expectativa é que esse tipo de problema não ameace mais os moradores.
Um dos mais impactados com o desmoronamento de quase toda a Rua Antônio Ribeiro de Abreu é o empresário Lucas de Souza Reis, dono de uma fábrica de calhas na via. Sem a infraestrutura urbana na porta de sua loja, ele viu o movimento cair e ainda perdeu todos os inquilinos nos apartamentos que alugava na parte de cima da fábrica. “Os clientes chegam na esquina, olham a falta da rua e voltam. Chegou a cair 90% o movimento.
De acordo com a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), a Defesa Civil e a BHTrans isolaram e sinalizaram a área em março deste ano. “A Rua Antônio Ribeiro de Abreu está localizada em área inundável margeando o Ribeirão do Onça, na qual será implantando o Parque Linear do Onça”, que faz parte do conjunto de obras de macrodrenagem da região, conforme a Sudecap. Essa área terá a função de preservar a várzea do manancial, “com foco no restabelecimento da mata ciliar, recuperação de margens e recuperação da área de preservação permanente”, acrescenta a superintendência. Dessa forma a prefeitura espera que a população deixe de habitar as áreas com risco de inundação. No primeiro momento, estão previstos o cercamento da área destinada ao parque, remoção das famílias e a demolição dos imóveis existentes no local.
A remoção das famílias da Rua Antônio Ribeiro de Abreu já estava prevista e, graças ao desmoronamento de março, a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) está antecipando o cronograma e priorizando os procedimentos de remoção no local. “As 12 edificações localizadas na Rua Antônio Ribeiro de Abreu já estão em processo de negociação para a saída do local”, finaliza a Sudecap..