A tricentenária Ouro Preto comemora o Ano do Patrimônio Cultural e ganha, hoje, um presente valioso para reverenciar a história, enriquecer a cultura e fortalecer o turismo. Com a presença de autoridades, será assinada, às 11h, a ordem de serviço para restauração e adaptação do prédio que vai abrigar o Museu Boulieu – Caminhos da Fé. O novo equipamento, na Rua Padre Rolim, a cerca de 100 metros da Praça Tiradentes, no Centro Histórico, terá exposta, de forma permanente, uma coleção de 1,2 mil peças brasileiras e de outros países doada pelo casal franco-brasileiro Maria Helena e Jacques Boulieu à Arquidiocese de Mariana.
A ordem de serviço será assinada pelo prefeito Julio Pimenta (MDB), secretário municipal de Cultura e Patrimônio, Zaqueu Astoni Moreira, presidente do Instituto Pedra (proponente da iniciativa), Luiz Fernando de Almeida, e o novo arcebispo de Mariana, dom Airton José dos Santos. “É um marco no Ano do Patrimônio em Ouro Preto, pois, além de ser um museu único na América, com peças artísticas de regiões colonizadas por portugueses e espanhóis ao redor do mundo, vai ainda divulgar nossa cidade e dinamizar a cultura”, disse o secretário Zaqueu.
Ele acrescentou que a intervenção no museu, que funcionará no antigo asilo componente do Paço da Misericórdia, espaço já restaurado e atualmente ocupado por setores da administração municipal, vai requerer investimentos da ordem de R$ 8 milhões da Vale via Lei Rouanet. A previsão é de um ano de obras, com acompanhamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio.
PRESENÇA A solenidade, a ser realizada no Paço da Misericórdia, terá a presença do casal Boulieu, que doou as peças, fruto de 50 anos de suas viagens pelo mundo. Em 18 de dezembro de 2004, houve uma cerimônia na Basílica de Nossa Senhora do Pilar, no Centro de Ouro Preto, parar assinar protocolo de doação da Coleção Boulieu à Arquidiocese de Mariana. Na época, Maria Helena de Toledo, paulista criada em Belo Horizonte, contou um pouco da história: “Somos casados há 55 anos, moramos no Rio de Janeiro e, desde a nossa lua de mel, em Salvador (BA), começamos a reunir este conjunto, que resulta das aventuras extraordinárias que usufruímos juntos”.
Com emoção, Maria Helena explicou que a doação à Arquidiocese de Mariana, à qual Ouro Preto está vinculada, representa uma “ação de graças a Deus por uma vida plena e que deve ser compartilhada com a comunidade”. O acervo inclui imagens barrocas, pinturas e prataria do Brasil e de outras terras colonizadas pelos ibéricos: América Central, países andinos (Peru e Bolívia) e Ásia, incluindo Filipinas, Índia e China. “Sempre gostamos da arte barroca e, assim, fomos adquirindo as peças que achávamos interessantes. Como não temos filhos, embora muitos sobrinhos, vimos que o melhor seria doar a coleção para que os objetos não se dispersassem”, disse Maria Helena, esperançosa de que outras pessoas sigam esse exemplo.