Jornal Estado de Minas

Árvore do Coração Eucarístico fica, mas está vulnerável ao ataque de fungos

Os moradores ganharam a batalha contra a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para que o grande fícus fique. Depois do protesto que impediu o corte na Avenida Dom José Gaspar, vizinhos da árvore do bairro Coração Eucarístico, na Região Noroeste de Belo Horizonte, fizeram um ato e acompanharam uma nova vistoria realizada no espécime. As autoridades admitiram: “Falha de comunicação da prefeitura” e, em tese, a árvore deve continuar no local. Porém, a saúde do grande símbolo do bairro pode ficar prejudicada – já que a poda a deixou vulnerável ao ataque de fungos. Para tentar garantir a segurança do fícus, a associação de moradores vai acionar a prefeitura para que a árvore seja oficialmente considerada patrimônio do bairro.

Leonardo Arantes Araújo, engenheiro florestal e morador do Bairro Coração Eucarístico pontuou que o fícus é mais adequado para parques, mas o espécime do Coração Eucarístico não deveria ser cortado porque pode ser considerado um patrimônio da cidade e estava saudável até a intervenção.  "Trabalhei no inventário das árvores de BH e minha equipe esteve no bairro Coração Eucarístico em 2012. Não tem indício nenhum de larva, de podridão, nenhum galho pendente que possa cair na rua e machucar alguém. Agora, será necessária poda de compensação", disse.

Porém, a poda que ocorreu na quarta-feira pode, sim, ser muito prejudicial a ela.
Isso porque o corte é como um ferimento e precisa de um tempo de recuperação – que pode durar meses. "O principal problema nesse período é a presença de fungos. Temos sorte de não estar em período de chuva porque a chance de a árvore adoecer seria maior. A única coisa que pode ser feita é o uso de uma pasta para auxiliar na cicatrização”, concluiu.

O presidente da Associação dos Moradores do Bairro Coração Eucarístico (Amocoreu), Cassius Marcellus, disse que ontem estiveram no local técnicos de meio ambiente, um engenheiro florestal, engenheiro agrônomo e o gerente de Operações da Regional Noroeste da PBH. “Eles confirmaram que a árvore é saudável, que não impede a passagem de pedestres pelo passeio e admitiram que houve uma falha de comunicação da prefeitura por não fazer o contato com a Amocoreu avisando sobre a supressão”, afirma Marcellus. “Ela está em um quarteirão totalmente comercial, por isso, a prefeitura não imaginou que o fícus teria esse apelo sentimental para os moradores”, explicou.

De acordo com o presidente do Amocoreu, a equipe informou que deverá mesmo ser feita uma nova poda, de reequilíbrio, para que a árvore seja mantida.
“Eles disseram que é comum fazerem o corte de uma árvore e moradores se manifestarem contra, mas na maioria dos casos a supressão é aprovada porque as árvores estão doentes. Aí não há reversão”, relatou. “Vamos agir junto à Secretaria de Meio Ambiente para o fícus ser considerado efetivamente patrimônio do Coração Eucarístico. Faremos um ofício à Regional Noroeste, vamos encaminhá-lo e à Secretaria de Meio Ambiente.”

OUTRO LADO
Por meio de nota enviada ontem, a PBH informou que “atendendo ao pedido da comunidade local e por sua importância simbólica e ambiental, foi feita uma nova avaliação sobre a situação da árvore”. Ainda segundo a administração municipal, “embora a árvore atenda aos critérios de supressão de acordo com a Deliberação Normativa 92/2018, aprovada pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente, optou-se por fazer somente a poda para equilíbrio da copa da mesma”. “A partir desse novo laudo, a árvore será constantemente monitorada pelos técnicos da Gerência de Infraestrutura Urbana da Regional Noroeste. Outras medidas de controle deverão ser tomadas para minimizar os impactos que a árvore poderá causar ao passeio de pedestre, à rede elétrica e à rede de abastecimento e água e esgotamento sanitário”, finalizou a PBH.

No início do ano, técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente começaram a se pautar por 38 quesitos para analisar a situação das cerca de 500 mil árvores da cidade. Cinco itens são considerados prioritários para determinar o corte imediato.
São eles: estufamento na calçada acompanhado de inclinação do tronco no sentido oposto; desequilíbrio irreversível da copa; pragas que comprometam a estabilidade, como besouro metálico; presença de qualquer outro defeito que interfira no equilíbrio; e obstrução total da calçada em conjunto com bloqueio, mesmo que parcial, de uma via de trânsito de veículos.

 

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