A tecnologia chega aos abrigos de ônibus de Belo Horizonte, com mais espaço para passageiros, painéis informativos, mais iluminação e até conexão wi-fi, mas está atrasada, como costuma acontecer com os próprios coletivos. Com a previsão de implantação de 1.300 estruturas, depois de mais de dois anos do início do processo a prefeitura da capital trocou 352 pontos por novos, ou seja, 27% do total prometido, e apenas 10 deles contam com conexão de internet sem fio. As estruturas de novo design e concepção mais moderna começaram a ser instaladas em julho de 2016, mas a BHTrans não informa uma previsão para que todos estejam operando. Segundo a empresa de transporte e trânsito de BH, o atraso na troca foi causado por ações de vandalismo contra as estruturas já instaladas. Os novos pontos de ônibus têm área 25% maior, iluminação interna, novo layout e fundo em metal vazado.
“A principal questão foi um problema com os deficientes visuais, que não estavam conseguindo detectar o equipamento e esbarravam nele. A montagem de novas estruturas foi suspensa até que o escritório de arquitetura responsável pelo projeto solucionasse o problema. Uma das soluções encontradas foi a introdução de peças de alerta para os deficientes visuais – já que os vãos dos pontos não permitiam que as bengalas os identificassem. A fixação de abrigos mais modernos visa a privilegiar pontos em que há maior aglomeração e corredores mais carregados”, informa a BHTrans.
Além de prever a exploração dos totens de publicidade, a licitação abre espaço para que a empresa vencedora lucre com a oferta de internet nos abrigos. Isso será possível com o uso dos espaços publicitários que poderão ser vendidos a clientes e vistos pelos passageiros no momento em que usam a rede de internet sem fio. “Alguns abrigos ofertam wi-fi grátis aos usuários, financiado por patrocinadores/anunciantes”, acrescentou a empresa.
A INSTALAÇÃO O valor médio dos abrigos é de R$ 23 mil. Em 2016, a concessionária vencedora do pregão eletrônico foi responsável por conceber, instalar e fazer a manutenção dos equipamentos, tendo o direito à exploração publicitária de totens durante 25 anos. O contrato prevê investimentos da empresa em torno de R$ 30 milhões para montagem e o mesmo valor para custeio de reparos. “O contrato é de implantação e manutenção, portanto, as questões de vandalismo já estão inseridas no valor global do contrato. Como o contrato prevê exploração publicitária, não há custos para o poder público”, explicou a BHTrans.
Para entender a dificuldade pela qual o belo-horizontino passa enquanto espera por coletivos na capital, basta analisar a realidade dos abrigos em vias públicas. A capital tem cerca de 9 mil pontos de ônibus. Desses, 2.611 (29%) são abrigados. É frequente a reclamação do usuário em dias de chuva, por exemplo. Porém, a BHTrans afirma: “É importante pontuar que nem todos os pontos necessitam ter abrigo, como em casos de locais próximos ao ponto final da linha, em que há mais desembarque que embarques. Os locais em que são implantados abrigos são os que têm maior concentração de usuários, como o recentemente construído na Avenida Padre Pedro Pinto”.
Memória
Vandalismo
A depredação dos abrigos de ônibus é um problema recorrente na capital mineira. Esse tipo de ataque, além de muitas vezes privar pessoas do uso do bem público com maior conforto, em 2015 representou um gasto de R$ 150 mil em manutenções, segundo dados da BHTrans. Em julho de 2016, novos abrigos instalados na Avenida Afonso Pena, a poucos metros da sede da Prefeitura de BH, foram alvo de vandalismo com apenas três dias de operação. Além de quebrar o vidro do painel publicitário, vândalos picharam a estrutura e sujaram a área interna, impedindo o uso do equipamento. Entre as atribuições da empresa vencedora do pregão está a manutenção dos abrigos pelos próximos 25 anos. O contrato prevê que o mesmo valor investido para instalação, em torno de R$ 30 milhões, deverá ser aplicado para custear os reparos durante a vigência do acordo.