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Estado de Minas

MPF recomenda que exposição em BH seja suspensa se não tiver classificação

Vereador obtém recomendação do MPF para que instalação com fotos de homens semidespidos seja suspensa se não tiver classificação indicativa. Fundação sustenta que a mostra é 'livre'


postado em 10/08/2018 06:00 / atualizado em 10/08/2018 07:57

Autor da obra, Meshiacha garante que o conteúdo não é erótico e que a classificação indicativa foi definida em discussão com o centro cultural antes da exposição (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Autor da obra, Meshiacha garante que o conteúdo não é erótico e que a classificação indicativa foi definida em discussão com o centro cultural antes da exposição (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)

A polêmica diante da exposição Sonho agridoce, ou imaculado, no Centro Cultural São Geraldo, na Região Leste de Belo Horizonte, ganhou um novo capítulo ontem. A pedido do vereador Fernando Borja (Avante), a Procuradoria da República do Ministério Público Federal em Minas Gerais (MPF/MG) recomendou a suspensão da mostra “caso não tenha sido providenciada a prévia e necessária classificação indicativa”. Entretanto, a Fundação Municipal de Cultura reafirmou que o “trabalho se encontra dentro dos padrões sugeridos como critérios para a classificação livre”. A instituição disse ainda que a mostra atende a todos os requisitos legais para sua realização e permanecerá na programação do centro cultural. A peça artística apresenta mais de 200 fotos com corpos masculinos parcialmente despidos, parte delas presas a um vestido de noiva por alfinetes, e é alvo de críticas de dois parlamentares.

Para embasar sua representação, o vereador Fernando Borja se diz contrário à classificação livre. Ele ainda afirma que o trabalho “consiste em inúmeras fotografias de nudez explícita de cunho eminentemente erótico com insinuações sexuais”. Ao Estado de Minas, o parlamentar voltou a sustentar sua opinião. “Eles podem fazer a arte que quiserem, desde que tenha a classificação etária. O único problema é que estão expondo crianças ali”, disse. Entretanto, a análise é vista como “não verídica” pelo artista Meshiacha, autor da peça. Segundo ele, não há conteúdo erótico nem corpos nus na instalação, posição também defendida pela Fundação Municipal de Cultura. Ele afirma ainda que os critérios de classificação da obra foram discutidos com o centro cultural antes de sua exposição, dentro dos critérios definidos pelo MPF.



Além de Borja, o vereador Jair di Gregório (PP), em vídeo divulgado em redes sociais na internet, também se mobilizou contra o trabalho, classificado pelos políticos como “apologia à erotização e à masturbação”. Depois dos depoimentos vereadores contra a instalação, pelo menos quatro ameaças foram feitas contra a administração do centro cultural. Diante disso, a Guarda Municipal precisou deslocar equipes para garantir a segurança do local.



Para definir a classificação indicativa, o artista e o local de exposição precisam seguir as diretrizes do Guia Prático de Classificação Indicativa, elaborado pelo próprio MPF. De acordo com a assessoria da Fundação Municipal de Cultura, não é necessário qualquer aval por parte da instituição ou de outro órgão do poder público para que um trabalho seja exposto. Sonho agridoce, ou imaculado tem curadoria das artistas Manoela Campos e Ana Paula Cantagalli, sendo a última também gestora do Centro Cultural São Geraldo. A instalação foi feita com recursos do próprio artista.


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